O acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a abalar os mercados nesta terça-feira (9). O Ibovespa fechou em queda de 1,32%, aos 123.931 pontos, acumulando perda de mais de 7 mil pontos nos últimos quatro pregões. Já o dólar comercial subiu 1,46%, chegando a R$ 5,997 — e superou momentaneamente os R$ 6 durante a sessão. Os juros futuros também avançaram em toda a curva, refletindo o aumento da aversão ao risco.
O dia até começou positivo, com o Ibovespa em alta e mercados internacionais em clima de recuperação. Mas o cenário virou com o anúncio de uma nova tarifa de 104% imposta pelos EUA sobre produtos chineses, válida a partir de quarta-feira. A medida, anunciada pelo governo Trump, foi interpretada como uma escalada agressiva na disputa comercial.
Enquanto algumas economias, como Coreia do Sul e União Europeia, adotam uma postura mais cautelosa, o governo brasileiro defende equilíbrio. Ainda assim, os impactos já são sentidos no comércio e na economia global. Nos Estados Unidos, varejistas adiam pedidos e consumidores antecipam compras temendo novos aumentos de preços.
Em Nova York, os principais índices de ações, que chegaram a subir mais de 3% no início do dia, fecharam em forte queda após o anúncio das novas tarifas. No Brasil, o pessimismo se espalhou entre as ações. A Vale caiu 5,48% e a Petrobras recuou 3,56%, pressionada também pela queda do petróleo. No setor financeiro, Bradesco, Santander e BB registraram perdas. A exceção foi o Itaú, que fechou praticamente estável.
Entre as varejistas, o tombo mais severo veio do Magazine Luiza, que caiu 13,41% após rebaixamento por um grande banco. Supermercadistas como Assaí também recuaram. Poucas ações escaparam da queda, como Embraer — que afirmou não esperar impacto das tarifas em suas projeções — e os papéis de seguradoras como BB Seguridade e Caixa Seguridade, que avançaram após análises favoráveis.
Para analistas, o Brasil ainda está relativamente bem posicionado, por ter uma economia mais fechada e exposição menor a tarifas diretas. Ainda assim, o ambiente global de incerteza exige cautela. “Estamos diante de um movimento abrupto, com efeitos que ainda não conseguimos medir completamente”, disse Fernando Haddad, ministro da Fazenda, ao comentar a escalada comercial em evento em São Paulo.