O Nascimento do Sistema de Comunicação de Picos

No início dos anos 70, o Brasil vivenciou um período de intenso progresso urbano, viário, tecnológico e industrial, com a construção de grandes obras de infraestrutura, como rodovias, pontes, barragens, usinas, refinarias e outras mais.

Esse surto de crescimento ficou conhecido como o milagre econômico brasileiro. Em tal período, o crescimento do PIB se aproximou de incríveis 10% ao ano. Para a concretização e perduração de tamanho fôlego economico, se fazia necessário integrar o país e, por isso, o lema em voga à época era o da integração nacional.

Porém, como integrar um país continental, pobre, marcado pela desigualdade e extremamente carente de infraestrutura? No curto prazo e dentro das limitações existentes, existia uma única resposta! Através da comunicação via ondas eletromagnéticas. Foi dada ênfase na expansão das telecomunicações e, em especial, na criação e ampliação de canais de televisão e radiofusão.

Nos baixões agrícolas piauienses, cujo principal centro urbano era a cidade de Picos, existiam inúmeros desafios para promover-se a integração e comunicação entre as regiões. O telefone era uma peça rara, de difícil operação e, quando presente, era restrito aqueles de maior poder aquisitivo. Os televisores, sem qualquer nitidez, captavam os sinais vindos da Serra da Ibiapaba por puro milagre. Já o rádio, era uma experiência desagradável em função do constante chiado, não importanto se sintonizado na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, na Rádio Clube de Pernambuco ou na Rádio Sociedade da Bahia.

Além de todos os percalços financeiros e tecnológicos existentes, a região ainda contava com expressivas barreiras topológicas. Afinal, são das cadeias montanhosas que deriva o nome da nossa querida Picos.

Todos os distintos homens públicos da região, com o mínimo senso de cultura e dotados de visão, sabiam dos incalculáveis benefícios que uma maior integração regional proporcionaria para a sociedade local. Diante disso, faltava uma figura com a corajem necessária para vencer barreiras financeiras, tecnológicas e burocráticas, e tornar realidade o sonho de muitos.

No final dos anos de 1950, o saudoso Helvídio Nunes de Barros, recém-formado advogado e então Prefeito de Picos, já acalentava o sonho de integrar a região por meio das telecomunicações. Egresso da Universidade do Brasil, situada no Rio de Janeiro, Helvídio residiu na capital do país à época e presenciou em primeira mão o poder transformacional da telefonia e da radiodifusão.

Apesar de todas as dificuldades, Helvídio unio-se ao seu irmão José Nunes de Barros para juntos fundarem a Rádio Difusora de Picos. Despenderam tempo, dinheiro e muita paixão para vencer a burocracia estatal, participar dos processos licitatórios, construir a infraestrutura necessária, adquirir equipamentos e formar o capital humano demandado para administração e operacionalização da rádio.

A Rádio Difusora de Picos entrou oficialmente no ar em 29 de Julho de 1979, exatamente às 8 horas e 43 minutos da manhã daquele domingo radioso. Um dia de muita felicidade para os idealizadores, pelo feito alcançado, e um marco para a macrorregião, pois simbolizava a chegada do progesso.

Algumas horas após a primeira transmissão, populares começaram a aglomerar-se em frente a sede da rádio. A quantidade de pessoas era tamanha que impossibilitava o tráfego de veículos no cruzamento da Rua Coronel Joaquim Baldoíno com a Rua Santo Inácio, todos estarrecidos com a novidade.

Nos dias subsequentes, principalmente nos dias de feira, pessoas oriundas de toda a macrorregião faziam questão de visitar a sede da rádio. Os profissionais que atuavam na locução eram festejados, agraciados com presentes, recebiam cartas e mimos por onde passavem, como verdadeiros ídolos populares.

Tais episódios, que não foram poucos, atestavam que o sonho de Helvído, José, suas famílias e de muitos outros estava realizado. A macrorregião de Picos estava finalmente integrada! A Rádio Difusora de Picos era capaz de informar, entreter, conectar a região e promover o desenvolvimento do nosso amado Piauí, e, por que não dizer, do Brasil.

Visando fortalecer a integração regional e proporcionar mais serviços ao público, quase sete anos depois, foi inaugurada a Rádio Grande Picos AM em 7 de Julho de 1985. Mais musical, com programação eclética e foco na prestação de serviços a sociedade, a Grande AM teve grande aceitação na zona rural de Picos e nos municípios cincunvizinhos.

Dando continuidade ao compromisso com a inovação e a prestação de serviços públicos de qualidade, a empresa fundada por Helvídio e José Nunes de Barros inaugurou a terceira rádio do grupo. No dia 10 de Abril de 1993, foi oficialmente ao ar a Rádio Grande Picos FM. Agora em modulação FM, a nova rádio proprocionou muito mais qualidade na transmissão de áudio. Com a terceira rádio, o grupo passou a ser conhecido como o Sistema de Comunicação de Picos (SCP).

A Segunda Geração

Nos anos 2000, após o falecimento de Helvídio, seu filho, Carlos Luís Nunes de Barros, assumiu um papel de liderança no SCP, tornando-se uma das principais vozes da empresa e consolidando-se como o superintendente à frente do grupo. 

Sob o comando de Carluis, como era carinhosamente chamado, foram viabilizadas parcerias com outros veículos de comunicação, modernizações da infraestrutura, aprimoramentos na gestão, consolidação da marca e, em especial, o lançamento do Portal Grande Picos.

O portal foi apresentado ao público em 2 de Outubro de 2013. Além de notícias e entretenimento, ele possibilitou a transmissão das rádios via internet para qualquer localidade do planeta e uma maior interação do público, que conseguia solicitar reportagens e músicas online.

Posfácio

Este texto condensa, em poucos parágrafos, mais de 40 anos de história. Ao longo dessa trajetória, dezenas de profissionais, amigos e familiares dedicaram-se incansavelmente para transformar em realidade nossa missão de integrar a macrorregião de Picos por meio da comunicação.

Registrar todas as histórias engraçadas, os momentos felizes, as perdas, desafios superados e vidas transformadas é uma tarefa árdua, especialmente, porque, como humanos, constumamos dar valor a tais acontecimentos após terem passado. Assim, se você fez parte da nossa história, entre em contato conosco. Adoramos ouvir boas histórias!