O dólar comercial voltou a ultrapassar os R$ 6 nesta terça-feira (08), marcando o maior valor desde 22 de janeiro, quando a moeda encerrou o dia cotada a R$ 6,03. A alta ocorreu mesmo após uma breve queda no início do pregão.
Entre 11h03 e 12h28, a cotação saltou de R$ 5,887 para R$ 5,981. Pouco depois, às 14h09, o dólar chegou a R$ 6,002. Na sexta-feira anterior, a moeda fechou em R$ 5,911, já acumulando alta de mais de 5% na semana, impulsionada pelo anúncio do novo pacote tarifário dos Estados Unidos.
Segundo Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital, a recente disparada da moeda é, em parte, um ajuste após o bom desempenho do real no primeiro trimestre. "O real foi uma das moedas mais fortes entre janeiro e março. Com a piora no cenário externo, é natural que agora ele sofra mais", afirma.
A valorização do dólar também é reflexo das incertezas em torno da disputa comercial entre China e Estados Unidos. A queda da moeda chinesa tem pressionado o real, já que a China é o principal parceiro comercial do Brasil.
Outro fator de preocupação é o desempenho da balança comercial brasileira. A queda nos preços das commodities, em um cenário de desaceleração do consumo global, pode afetar as exportações e a arrecadação, o que pesa ainda mais sobre o câmbio.
"Com o recuo nos preços das matérias-primas, o Brasil tende a exportar menos e arrecadar menos. Isso prejudica o real frente ao dólar", explica Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital.
Nos próximos meses, a cotação do dólar deve seguir pressionada por fatores externos e internos. As tensões comerciais entre Estados Unidos e China, a possível desaceleração da economia global e o comportamento dos juros americanos tendem a manter o cenário de aversão ao risco nos mercados emergentes, o que desfavorece o real. No plano doméstico, a trajetória da moeda também dependerá da confiança dos investidores na condução da política fiscal e do ritmo de crescimento da economia brasileira. Caso as incertezas persistam, o dólar pode se manter acima dos R$ 6 ou até buscar novos patamares. Por outro lado, uma melhora no ambiente externo ou avanços na agenda econômica do governo podem aliviar parte da pressão cambial.
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