O Ibovespa encerrou a sexta-feira em alta de 2,70%, atingindo 128.218,59 pontos, um ganho diário de 3.368,41 pontos. Com isso, a semana fechou com avanço de 2,89%. O dólar comercial também recuou 1,26%, cotado a R$ 5,69, e analistas apontam espaço para valorização do real. Os juros futuros (DIs) caíram em toda a curva, com queda superior a 1%.

Esse otimismo foi impulsionado pelo alívio no cenário global, já que as tarifas anunciadas pelo governo Trump não entraram em vigor imediatamente, permitindo negociações individuais entre países. Nos Estados Unidos, o mercado também reagiu positivamente, embora os índices tenham fechado de forma mista diante da queda nas vendas no varejo em janeiro. A volta dos investidores estrangeiros ao Brasil reflete um cenário mais estável após a turbulência fiscal do fim de 2023.

Popularidade de Lula

Além dos fatores econômicos, o cenário político também impactou o mercado. A pesquisa Datafolha revelou que a aprovação do presidente Lula caiu ao menor nível de seus três mandatos. O índice de avaliação "ótimo" ou "bom" caiu de 35% para 24%, enquanto a rejeição subiu de 34% para 41%.

A queda na popularidade do presidente enfraquece sua posição política, embora Lula afirme que 2026 ainda está distante. O mercado financeiro reagiu positivamente a esse cenário, interpretando a pesquisa como um fator que pode influenciar futuras políticas econômicas. Apesar disso, o presidente mantém otimismo e destaca a queda no desemprego em três estados no quarto trimestre, segundo a Pnad Contínua.

Política monetária e inflação

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reuniu-se com empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para discutir a política monetária. Ele destacou que a instituição dispõe de ferramentas para controlar a inflação e assegurou que a estratégia adotada será eficaz. No entanto, houve divergências entre os participantes, e Luiza Trajano, do Magazine Luiza, pediu que o BC evite novos aumentos da taxa Selic, argumentando que pequenas e médias empresas já enfrentam dificuldades.

Galípolo ressaltou que as projeções de mercado frequentemente divergem da realidade e afirmou que o BC adotará uma postura conservadora para garantir segurança nas decisões. Ele enfatizou a importância de analisar dados de alta frequência antes de qualquer mudança na política monetária.

Destaques do mercado

Apesar das incertezas fiscais e políticas, o Ibovespa teve um desempenho positivo impulsionado por ações de grandes empresas. A Vale (VALE3) subiu 1,48% com a alta do minério de ferro no exterior. Petrobras (PETR4) avançou 3,08%, enquanto bancos registraram ganhos superiores a 2%. O Banco do Brasil (BBAS3) liderou entre os bancários, com valorização de 4,74%, seguido pelo Santander (SANB11), que subiu 3,82%.

Entre as empresas que divulgaram balanços, Caixa Seguridade (CXSE3) caiu 0,47% após os resultados do quarto trimestre, enquanto Porto (PSSA3) teve leve recuo de 0,51%. Usiminas (USIM5), mesmo reportando prejuízo, projetou melhora para o primeiro trimestre de 2025 e subiu 1,87%.

O setor de frigoríficos registrou forte alta, com Minerva (BEEF3) avançando 5,36%. O varejo também se destacou com a queda dos juros futuros, beneficiando empresas como Magazine Luiza (MGLU3), que subiu 5,28%, e C&A (CEAB3), que disparou 9,23%.

Na próxima semana, o mercado acompanhará a ata da reunião do Federal Reserve na quarta-feira e a prévia do PIB brasileiro de dezembro, com a divulgação do IBC-Br na segunda-feira. O cenário pode mudar, mas o otimismo desta sexta-feira pode se estender.