O renomado economista picoense Otílio Rodrigues, que atua no Brasil e no exterior, apresentou na manhã de ontem um estudo com propostas para o desenvolvimento da economia local. O encontro aconteceu na sede da Associação Comercial e Industrial de Picos (ACINPI) e reuniu diretores da entidade e representantes da classe empresarial.

O presidente da ACINPI, José Maria Moura, destacou a importância da visita. “Dr. Otílio é um ilustre filho picoense, que se destacou mundialmente. Hoje ele é professor nos Estados Unidos, e é um orgulho para Picos e para nossa microrregião”, afirmou.

Segundo Moura, o objetivo do encontro foi ouvir as sugestões do economista e envolver a sociedade civil organizada na construção de estratégias de crescimento. “Vamos tratar de assuntos de interesse do nosso Picos, da nossa microrregião e, por que não dizer, do nosso estado do Piauí”, completou.

Durante a apresentação, Otílio Rodrigues fez uma análise crítica da economia brasileira e apontou os principais desafios para o país se consolidar como potência global. “O Brasil tem uma enorme capacidade de jogar fora as oportunidades. Temos um grande espírito criativo, uma energia humana incalculável, mas desperdiçamos isso”, disse.

O economista também chamou atenção para o analfabetismo funcional, que afeta cerca de 25% da população. “Na economia do conhecimento, não basta saber ler e escrever. É preciso interpretar, entender. Esse é um dos entraves ao crescimento do país como nação”.

Rodrigues citou o conceito de “Belíndia”, criado pelo economista Edmar Bacha, para ilustrar a convivência entre extremos sociais no Brasil.

“Temos o primeiro e o quarto mundo vivendo lado a lado. São Paulo é uma potência, mas ao mesmo tempo temos Paraisópolis, com pessoas em extrema pobreza”.

Sobre o cenário internacional, o economista alertou para os riscos do endividamento público e da ineficiência nos gastos governamentais, além de comentar os impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos. “Toda dificuldade traz uma oportunidade. Vai depender da condução que dermos. O Itamaraty tem gente preparada e pode fazer a diferença”.

Otílio Rodrigues encerrou sua fala reforçando que o Brasil tem todas as condições para se tornar uma grande nação, desde que enfrente seus desafios com competência e visão técnica.