
Durante o Outubro Rosa, mês em que a campanha chama atenção e conscientiza sobre a prevenção e diagnóstico do câncer de mama, um dos mais importantes lembretes é o de que informação também é cuidado. Segundo especialistas, para a conscientização, é necessário que a população procure se informar e saber cada vez mais acerca da doença, suas características e sinais. A educação em saúde tem papel fundamental no diagnóstico precoce e na prevenção do câncer de mama.
De acordo com a enfermeira Natália Carvalho, o primeiro passo desse processo está na formação dos profissionais e na conscientização que começa ainda na universidade.
“Na graduação e formação de profissionais, o objetivo é sensibilizá-los em relação a esse tema de educação e saúde. Nós, enfermeiros, somos educadores. Nosso papel é educar nossos pacientes e seus acompanhantes”, explica.
Segundo a especialista, o trabalho começa nas salas de aula e se estende às Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde frequentemente são realizadas palestras e rodas de conversa com mulheres, em especial neste mês de campanha e mobilização.
A enfermeira lembra que o contato com o paciente acontece, na maioria das vezes, primeiramente com o profissional da enfermagem, que acolhe, orienta e observa detalhes importantes.
“O enfermeiro é quem sempre está ali, levando para exames, aplicando medicações, conversando. É nesse momento que nós coletamos dados e percebemos situações que muitas vezes não foram ditas durante a consulta com o médico”, revela.
Para Natália, o olhar atento é fundamental para que a mulher se sinta segura e acolhida. Afinal, o medo e a vergonha seguem sendo barreiras para a procura pelo tratamento e até para o diagnóstico.
“Quando falamos de câncer de mama, o método padrão é a mamografia, que é um exame doloroso, que muitas mulheres deixam de fazer pelo incômodo ou pelo medo”, ressalta.
É especialmente nesse momento que pode-se reforçar a importância da educação em saúde, possibilitando que a mulher entenda o quão essencial são o autoexame e os exames profissionais no diagnóstico precoce.
De acordo com Natália, o trabalho de conscientização vai além das unidades de saúde e passa, também, por instituições de ensino.
“Neste mês de outubro, e também em março, levamos palestras para os ambientes de trabalho e faculdades. Às vezes, não alcançamos diretamente a mulher que pode desenvolver o problema, mas atingimos um familiar, alguém que leva a informação para cassa. É um trabalho de formiguinha, mas que faz a diferença”, destaca a enfermeira.
Entre os principais equívocos populares bastante escutados por profissionais de saúde, está a ideia de que o câncer de mama é uma doença que atinge apenas mulheres com uma faixa etária mais avançada.
“Muitas acreditam que só precisam se cuidar depois dos 50 anos. Mas o câncer pode se desenvolver mais cedo, por fatores genéticos ou ambientais. Por isso, é importante essa conscientização precoce”, enfatiza Carvalho.
A recente diminuição da idade recomendada para o início do rastreamento, para 40 anos, também é vista pela enfermeira como um avanço. Ainda assim, ela defende que a educação em saúde deve começar ainda na adolescência, com mães conversando com filhas sobre o corpo e o autocuidado, já que a maior quantidade de informações pode reduzir o tabu e o medo que levam ao diagnóstico tardio.
Natália Carvalho ressalta que a campanha do Outubro Rosa é apenas um lembrete de um compromisso que deve durar o ano todo, já que o assunto precisa sempre ser discutido.
“O câncer de mama ainda é o que mais mata mulheres no Brasil. É importante se autoavaliar, observar qualquer alteração, procurar atendimento e não esperar sentir algo para buscar ajuda. Fazer consultas e rastreamentos de rotina é o que garante o diagnóstico precoce e, consequentemente, um tratamento mais eficaz”, conclui.




