A campanha Outubro Rosa começa nesta quarta-feira (1°) em todo o país, com um nova e importante notícia para a saúde da mulher. O Ministério da saúde passou a garantir o acesso à mamografia a partir dos 40 anos de idade, através do Sistema Único de Saúde (SUS). A mudança, anunciada no último dia 23 de setembro, amplia a faixa etária do rastreamento do câncer de mama, que antes era restrito às mulheres entre 50 e 69 anos.
De acordo com a ginecologista e mastologista Elisa Rosa, a decisão representa uma vitória para as mulheres brasileiras e um passo essencial na luta contra o câncer de mama, o tipo de câncer que mais atinge mulheres no país e no mundo. “Nós ficamos muito otimistas com essa decisão. A Sociedade Brasileira de Mastologia luta por essa ampliação desde 2008, porque quase 40% dos casos de câncer de mama no Brasil acontecem em mulheres com menos de 50 anos”, explica.
Com a nova regra, o exame continua sendo indicado sob avaliação médica. Isto é, o rastreamento para quem tem entre 40 e 49 anos deve ser solicitado por um profissional, como ginecologista, mastologista ou médico da família. “Antes, só era possível fazer mamografia de rotina pelo SUS depois dos 50 anos. Agora, o médico pode autorizar o exame se considerar necessário. Isso vai permitir diagnósticos mais precoces e salvar muitas vidas”, afirma Dra. Elisa.
Atualmente, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é estimado que, até o final deste ano, sejam registrados 73.610 novos casos de câncer de mama. Com as atualizações, a taxa será de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres, com cerca de 18 mil mortes. A aparição da doença em homens é rara, mas ainda pode acontecer, representando cerca de 1% dos casos.
A médica reforça que o diagnóstico precoce é o maior aliado no combate ao câncer de mama. “A redução da mortalidade é evidente quando a doença é descoberta cedo. Na rede privada, com rastreamento adequado, vimos uma grande diminuição dos casos em estágio avançado. Já no SUS, onde o rastreamento ainda era limitado, mais de 40% dos diagnósticos são feitos quando o câncer já está em estágio 3 ou 4”, alerta a especialista.
Segundo Elisa Rosa, o câncer de mama pode ter diferentes tipos e evoluções, alguns com crescimento lento, outros com desenvolvimento agressivo, até mesmo em poucos meses. “Por isso é tão importante o acompanhamento regular, mesmo quando a mulher se sente bem. Uma mamografia pode detectar um tumor antes que ele seja palpável, e isso faz toda a diferença no tratamento”, destaca ela.
Entre os fatores de risco que têm contribuído para o aumento de casos em mulheres mais jovens, estão as transformações nos hábitos de vida, que mudam a cada nova geração. “A mulher moderna adia a gestação, tem menos filhos, usa pílula por longos períodos e muitas vezes não amamenta. Todos esses fatores, combinados, aumentam a incidência do câncer de mama”, esclarece a médica.
Dra. Elisa ressalta também o papel da amamentação como fator protetor. “Amamentar é bom para o bebê e também para a saúde mamária da mulher. A amamentação ajuda a reduzir o risco de câncer de mama e deve ser incentivada sempre que possível”, orienta.
Além disso, a especialista reforça que a prática regular de atividade física, uma alimentação saudável e o controle do estresse são atitudes simples que ajudam a prevenir não apenas o câncer de mama, mas diversas doenças. “Viver bem, evitar o sedentarismo e manter o equilíbrio emocional também são formas de prevenção”, destaca.
Embora a mamografia seja o principal exame de rastreamento, o autoexame das mamas ainda é fundamental, especialmente para mulheres mais jovens, que não têm indicação de realizar o exame de imagem regularmente. “A partir dos 18 anos, é importante que a mulher conheça o próprio corpo. O autoexame ajuda a perceber alterações e deve-se procurar o médico rapidamente, se notar algo diferente”, orienta Elisa.
A mastologista destaca que o autoexame deve ser feito mensalmente, de preferência na semana seguinte ao fim da menstruação. “Não substitui a mamografia, mas é um hábito essencial de autoconhecimento e cuidado”, explica.
O Outubro Rosa, que marca o mês de conscientização sobre o câncer de mama, também é um momento para lembrar de outros tipos de câncer que atingem as mulheres, como o câncer do colo de útero. Elisa Rosa chama atenção para o exame preventivo, o Papanicolau, e para a vacinação contra o HPV, oferecida gratuitamente pelo SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos, em dose única.
Para a especialista, campanhas como essa continuam sendo indispensáveis, somente para alertar a população, mas para estimular o cuidado contínuo. “Informação salva vidas. Quanto mais cedo a mulher ajuda, maiores são as chances de cura. O câncer de mama não é uma sentença, mas a prevenção e o diagnóstico precoce são a chave para vencer a doença”, finaliza.