O economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, propôs uma série de medidas para enfrentar o desequilíbrio fiscal do Brasil. Entre elas, a mais polêmica foi o congelamento do salário-mínimo por seis anos, uma ação considerada essencial para reequilibrar as contas da Previdência Social. Durante sua participação na Brazil Conference, realizada em Cambridge, nos Estados Unidos, Fraga criticou os altos gastos públicos e alertou para a necessidade urgente de reformas.
Ele destacou que a atual situação da Previdência, responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões, está piorando a passos largos devido à demografia envelhecida da população e à necessidade de rever as regras do sistema. Segundo o economista, a simples proposta de congelar o salário-mínimo por seis anos poderia ser uma “reforma grande” e relativamente fácil de implementar.
O economista também enfatizou que a folha salarial do Estado brasileiro, que inclui os salários de servidores públicos, precisa ser reduzida. Segundo ele, as despesas de Previdência Social e de funcionários públicos representam 80% dos gastos primários, um patamar que, na sua visão, deveria ser reduzido para no máximo 60%.
Fraga criticou os altos salários de funcionários públicos, especialmente em cargos de liderança. Além disso, ressaltou os gastos tributários, conhecidos como subsídios, que atualmente representam 7% do PIB, um aumento substancial em relação aos 2-3% no final do governo Fernando Henrique Cardoso. Para ele, esses custos elevados deixam pouco espaço para investimentos públicos, o que compromete o crescimento econômico do país.
Em sua análise do cenário fiscal, Fraga lamentou a dívida pública crescente e a elevada carga de juros pagos pelo Brasil. Ele alertou que o país não pode continuar pegando dinheiro emprestado para pagar juros, em detrimento do investimento e do crescimento. “O Brasil deveria crescer 2 pontos a mais do que os Estados Unidos”, disse, argumentando que a economia brasileira tem um grande potencial, mas não pode continuar operando com taxas de juros tão elevadas.
Além de suas críticas à economia brasileira, Fraga também se posicionou sobre a política externa, criticando o comportamento de Donald Trump em relação aos parceiros comerciais dos Estados Unidos. Para Fraga, a postura agressiva de Trump em relação a países como o Canadá e o México é preocupante e não condiz com os valores democráticos e liberais defendidos pelo Brasil.