O preço da carne caiu 0,43% em agosto no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), acompanhando uma sequência de pequenas quedas mensais que começou no primeiro semestre.
Mas essa tendência não foi suficiente para aliviar o bolso do consumidor e nem deve continuar nos próximos meses, segundo especialistas.
A previsão, inclusive, é que o preço volte a aumentar em breve, impulsionado pelo ritmo forte das exportações, maior consumo interno e redução no número de bois abatidos até 2027.
Nos últimos 12 meses, a carne bovina acumulou inflação de 22,17%. Os cortes mais consumidos, como acém, peito e músculo, estão entre os que mais encareceram:
Tarifaço não conteve exportações
Um dos fatores que ajudam a explicar os preços altos é a exportação da carne brasileira, que continua aquecida mesmo após o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O setor se adaptou à nova realidade. Em agosto, os Estados Unidos caíram da segunda para a quinta posição entre os maiores compradores da carne brasileira, atrás de China, México, Rússia e Chile.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o México foi o destaque. De janeiro a julho, o Brasil exportou três vezes mais carne para o país do que no mesmo período de 2024.
A previsão da Abiec é de que o volume exportado em 2025, para todos os países, seja 12% maior que o registrado em 2024.
Preços podem voltar a subir
Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, a tendência de pequenas quedas na inflação deve ser revertida nos próximos meses. “Os preços devem dar uma subida no último trimestre, quando ocorre o auge do consumo no mercado brasileiro.”
A expectativa é de queda no abate de bois em 2026 e 2027. Com menos oferta e exportações em alta, o preço deve subir ainda mais.
Já Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA, disse ao g1 em julho que as dificuldades na produção de carne nos Estados Unidos também devem contribuir para a inflação brasileira. A previsão é que a oferta de bois nos EUA caia 2,3% em 2025 e 4,1% em 2026.