
A partir de 1º de agosto, produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos estarão sujeitos a uma tarifa de 50%, conforme anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump. A medida já provoca impactos diretos no setor apícola do Nordeste, especialmente no Piauí, onde a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) lidera as exportações de mel orgânico para o mercado norte-americano.
Sitônio Dantas, diretor da Casa Apis, relatou que cinco contêineres com cerca de 95 toneladas de mel estavam prontos para embarque no Porto do Pecém (CE), mas os clientes solicitaram a suspensão imediata do envio. “São parceiros que operam conosco há mais de 15 anos. Eles não cancelaram os negócios, apenas pediram um prazo até que a situação se resolva”, explicou Dantas.
Segundo ele, o custo logístico para transportar o mel da sede da cooperativa, em Picos (PI), até o porto inclui despesas com frete, taxas portuárias, impostos e serviços aduaneiros. “Explicamos a situação e, diante da nossa relação de confiança, eles acataram a decisão e autorizaram o embarque. Assumiram o risco de arcar com a tarifa, caso o produto chegue após o dia 1º”, afirmou.
A complexidade da logística internacional também preocupa. “Os navios seguem rotas imprevisíveis. Às vezes passam por vários portos antes de seguir para os EUA, o que pode atrasar a entrega e fazer com que a carga chegue já sob a nova tarifa”, disse o diretor. Como os contratos são na modalidade FOB (Free on Board), a responsabilidade sobre o produto passa ao importador assim que ele é embarcado no navio.
Dantas alerta que, se a tarifa de 50% for mantida, o negócio se tornará inviável. “Se o mel chega a 20 reais o quilo, o cliente terá que pagar mais 10 reais de imposto. Isso encarece demais. Nós, produtores, não temos como dar esse desconto. Vai cortar pela metade a receita do apicultor”, lamentou.
Entre as estratégias analisadas pela Casa Apis está a divisão da taxa com os importadores norte-americanos. “Esperamos que esse tarifaço seja extinto. Se permanecer, que seja em um valor mais baixo. E, no último caso, vamos ter que sentar à mesa e negociar como dividir essa despesa”, concluiu.
A cooperativa, que reúne centenas de famílias da agricultura familiar, já exportou mil toneladas de mel em 2024 e planeja enviar outras mil até o fim de 2025. Mas, diante da incerteza, os próximos embarques estão em compasso de espera.
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