A comunidade do Val Paraíso sofre com descaso com que o aterro sanitário de Picos vem sendo tratado. Embora haja uma licitação da Prefeitura Municipal à empresa Concretize Construtora, no valor de R$ 619.753,61, para que o local não venha a contaminar o solo, a água e o ar; não é essa a realidade do lixão a céu aberto de Picos, segundo os moradores.
O local para ser considerado um aterro sanitário, conforme a prescrição do IBAMA – protegendo o meio ambiente dos resíduos tóxicos liberados pelo lixo – seria necessária a construção de uma vala, que não deve ultrapassar dois metros de distância do lençol freático e posteriormente, coloca-se uma manta de polietileno e uma camada de pedras pequenas, por onde passarão os líquidos e gases liberados pelo lixo.
Porém, segundo os moradores, o que vem acontecendo com o lixão do Val Paraíso é que o lixo está sendo queimado e enterrado sem nenhum preparo e cuidado com o solo. Segundo a presidente da Associação dos Moradores do Val Paraíso, Rosilene Moura, a empresa responsável pelo local não tem cumprido com o que está determinado no contrato.
“Todo dia chega lixo novo e ele vai sendo enterrado sem nenhum preparo e isso prejudica o lençol freático, futuramente, nós que bebemos dessa água, estaremos consumindo água contaminada”, disse.
Rosilene disse ainda que a forma correta seria colocar a manta no solo antes de depositar os detritos, o que, segundo ela, não é feito pelos funcionários que atuam no lixão. A presidente da associação contou também que o material é despejado e enterrado, mas em algumas oportunidades, é possível observar fogo nos resíduos que deveriam ser enterrados.
O morador da comunidade, Neto Araújo, também lamenta a continuidade dos transtornos causados desde a transferência do aterro para o povoado. Ele destaca que a constante mudança no secretariado da Administração Pública dificulta ainda mais a resolutividade do problema. Os moradores esperam uma medida jurídica após a audiência pública marcada para o dia 05 de dezembro, entre moradores, empresa e prefeitura.
Procurado pela nossa reportagem, o responsável pela Concretize Construtora em Picos, Vagner Leal, afirmou que a empresa cumpre a todas as exigências do contrato. Vagner acrescentou que a implantação das mantas no aterro é de responsabilidade da Prefeitura de Picos e que a Concretize é responsável apenas pelo gerenciamento do espaço.
“A gente destina o lixo que chega, deixa os catadores fazerem a coleta, e destina o lixo ao lugar ideal. Hoje esse aterro já se encontra em perfeitas condições, se você entrar no local, você não vê mais aquele mosqueiro, não vê mais lixo espalhado, a não ser o lixo diário”, informou.
Desde que o lixão foi transferido da Altamira para o Val Paraíso, em 2014, os protestos são constantes. Frequentemente os moradores denunciam o aumento de insetos, roedores, urubus; além da suposta contaminação do solo.
CONFIRA AS ENTREVISTAS
ROSILENE MOURA
NETO ARAÚJO
VAGNER LEAL