Após a prorrogação do decreto que deu continuidade à proibição do transporte de passageiros oriundos de municípios da região para Picos, o número de carros de passeio fazendo esse tipo de transporte aumentou consideravelmente, é o que afirma o presidente Cooperativa dos Condutores Autônomos de Veículos de Passageiros da Macrorregião de Picos (COOCAVEPI), Edimar Lima.
Segundo Edimar, a proibição está prejudicando os motoristas que atuam de forma regular e dando espaço para o transporte clandestino de passageiros através de carros de passeio, que, segundo ele, trazem até sete pessoas em um veículo com capacidade para quatro passageiros.
O representante da cooperativa destacou que quando o decreto foi assinado pelo prefeito de Picos, Walmir Lima, foi feita uma proposta ao gestor para que as vans reduzissem o número de pessoas para mantê-las afastadas dentro do veículo durante a viagem, mas o prefeito teria recusado a sugestão.
“Nós poderíamos transportar essas pessoas com total segurança, com até 50% de sua capacidade de lotação, ou seja, uma van de 15 pessoas, propomos que poderíamos trazer até 07 pessoas e isso não foi aceito pela prefeitura. E agora multiplicou em até 300% o transporte de veículos de passeio trazendo essas pessoas, ou seja, veículos de passeio que tem a capacidade, pela lei do Código de Trânsito Brasileiro, que é quatro ou cinco pessoas, estão transportando até sete pessoas de forma clandestina, cobrando passagens, muitas vezes, até maior que o valor cobrado por vans regularizadas, além de colocar ainda mais o contágio e a vida dessas pessoas em risco, bem maior do que se fossem transportadas de modo seguro em uma van”.
Edimar Lima reclamou ainda da falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes. “O que deu para observar aqui na cidade de Picos é que não tem nenhuma barreira da vigilância sanitária, não tem nenhuma fiscalização dos agentes de trânsito, pelo contrário, o que você vê é um trânsito caótico aqui na cidade de Picos, onde o pátio da feira da Igreja Matriz, se transformou em um estacionamento. Se é para ter um decreto proibindo o transporte de pessoas, que seja para todos, o que está acontecendo é exatamente o contrário, aumentou muito o risco das pessoas que vêm até Picos nesses veículos de passeio”.
O outro lado
A nossa equipe procurou o secretário de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana de Picos, Edilberto Cirilo, que, na ocasião, destacou a importância das medidas adotadas pela prefeitura e afirmou que caso nenhuma ação tivesse sido tomada, os números positivos da Covid-19 seriam muito maiores dos que são apresentados hoje.
“O município tomou a decisão correta de reduzir o número de veículos e agora estamos fechando ruas. E por incrível que pareça, de ontem pra cá, nós tivemos a redução de 40 a 50% de veículos circulando dentro da nossa cidade […]. E agora com a recomendação do Ministério Público e do prefeito de fechar algumas vias e dificultar o acesso de muitas pessoas ao centro da cidade, melhorou ainda mais a nossa condição de isolamento”, acrescentou.
Sobre a fiscalização a veículos clandestinos, o secretário destacou que os agentes municipais de trânsito estão fazendo as verificações necessárias e multando veículos que fazem o transporte de passageiros de forma irregular na cidade.
“Esses ônibus que têm entrado [na cidade], esses transportes pequenos, têm sido controlados e têm sido multados. Nós temos evitado conduzir para o depósito, mas estão sendo multados e retirados de circulação, porque aquele que a gente multa uma vez, fica registrado e se ele voltar outra vez, ele vai direto para o depósito, ele não vai ficar circulando”, disse.
Edilberto destacou que nem sempre é possível identificar um veículo de passeio transportando clandestinamente passageiros. “O trabalho está sendo feito, agora, você fiscalizar carro de passeio, é diferente do que você fiscalizar uma van, porque você visualiza de longe. Não dá para imaginar que todo carro que está passando é carro clandestino, porque nós temos um volume muito grande de carros pequenos vindos de outras cidades, não há como negar que existe, mas pelo grande volume de carros, é difícil identificar”.
Sobre a proposta feita pela Coocavepi, que solicitava o transporte com 50% de passageiros nas vans, Edilberto disse que a mesma é viável, mas que com o comércio fechado, não haveria necessidade de trazer passageiros para o município, já que o intuito é reforçar a importância do isolamento social.
CONFIRA ENTREVISTAS
EDIMAR LIMA
EDILBERTO CIRILO