Um livro escrito por Dom Inocêncio López Santamaria foi encontrado em residência onde viveu em São Raimundo Nonato, município a 517 km de Teresina. A obra estava junto com uma pasta volumosa contendo cartas, documentos e outros registros do bispo que está em processo de beatificação e pode se tornar o primeiro santo a viver no Piauí.
A pasta foi encontrada em fevereiro de 2017, mas só agora a descoberta foi divulgada pelo provincial da Ordem Mercedária do Brasil, frei Rogério Soares. Ele acompanhou pessoalmente no Piauí, a exumação dos restos mortais de Dom Inocêncio. Após o processo foi instalado no Brasil um Tribunal Eclesiástico e uma comissão histórica que catalogam e investigam todos os registros de Dom Inocêncio pelo Estado. O resultado do processo em sua etapa diocesana será encaminhado para o Vaticano.
“No livro, nunca publicado, ele descreve no Sertão do Piauí. Ele fala da fauna, da flora, da seca do jeito do povo e descreve a caatinga e os animais. É um relato fiel do olhar de quem chega da Espanha em pleno Sertão do Piauí”, explicou o frei.
O livro estava junto a outros documentos em um quarto fechado na casa que os padres mercedários ocupam em São Raimundo Nonato. Entre as cartas encontradas na residência estão solicitações enviadas para órgãos do governo pedindo a construção de estradas, alimento e água para o povo que sofria isolado no sertão do Piauí. “Ele tinha costume de escrever cartas usando papel carbono e ficava com uma cópia dessas cartas que escrevia para entidades governamentais. Isso será um importante registro do seu esforço em prol da mudança na vida das pessoas da região”, reforça frei Rogério.
Congregação nasce no Piauí
Entre os documentos estão ainda cartas enviadas para Madre Lúcia Etchepare, missionária argentina no Brasil que escolheu São Raimundo Nonato para viver. Junto de Dom Inocêncio, os dois fundaram a Congregação das Mercedárias Missionárias do Brasil. A primeira e única congregação religiosa fundada no Piauí. Atualmente a congregação feminina já está presente em boa parte do Brasil, nos Estados Unidos, Cuba e Peru.
Segundo Frei Rogério a ideia é que após catalogados, todos os documentos sejam disponibilizados para consulta na internet. “Os jovens vão poder conhecer esses verdadeiro tesouro da vida de Dom Inocêncio que falam da história de São Raimundo Nonato e do Piauí”, concluiu.
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