A Secretaria Municipal de Saúde de Picos foi alvo de mais uma denúncia junto ao Ministério Público do Estado do Piauí. O problema dessa vez envolve o setor de marcação de consultas.

De acordo com a cuidadora Cleide de Moura, a criança de nome João Miguel, de apenas um ano e dois meses, portador de hidrocefalia, já foi submetida a um procedimento cirúrgico e necessita de acompanhamento médico periódico a cada seis meses. A questão é que, segundo ela, a consulta foi solicitada há um ano, mas até o momento a criança ainda aguarda pelo atendimento.

Cleide relata que em inúmeras ocasiões buscou junto à pasta explicações sobre a demora na resolução do caso, porém, todas sem resposta. A busca sem resultados também se repetiu com a mãe e a tia da criança.

Segundo a família, por conta da demora na marcação da consulta já se passaram mais de seis meses da data prevista para o retorno de João Miguel ao neuropediatra. E o caso da criança se agrava a cada dia. “O neném tá doente, já esteve internado no Hospital Regional, precisa voltar, já fez um ano a consulta e até hoje ninguém resolve nada”, disse Cleide.

ENTREVISTA: Cleide de Moura – Denúncia 

Em novembro do ano passado a família solicitou que a consulta fosse agendada para o mesmo médico que havia realizado o atendimento da criança em outros momentos, no entanto, não foram informados de que o profissional solicitado não é mais habilitado a realizar atendimentos pelo SUS desde julho do mesmo ano, fato que teria inviabilizado a liberação do procedimento, conforme explicação do analista processual da Secretaria Municipal de Saúde de Picos, Murilo Barbosa.

De acordo com Barbosa, no último dia 27 de outubro um ofício da 3ª Promotoria de Justiça chegou à pasta recomendando a marcação da consulta da criança. O analista explicou que somente agora a mãe de João Miguel autorizou a marcação do procedimento para outro profissional em razão do médico solicitado anteriormente não estar mais disponível.

Murilo Barbosa – Foto: Fabrício Sousa

“A Central de Marcação entrou em contato com a mãe de João Miguel e agora foi que autorizou que a consulta pudesse ser marcada para outro médico, já que este não está mais habilitado pelo SUS, então, estamos com o comprovante de agendamento da marcação e agora é esperar, porque imagino que no máximo em 15 dias já estará marcado”, explica Murilo.

Mesmo diante do caso do menino com hidrocefalia que, segundo a cuidadora, se agravou nos últimos meses, Murilo Barbosa afirma que não há prioridades quanto à agilidade na marcação da consulta e que neste caso somente a 3ª Promotoria de Justiça, onde a denúncia foi feita, poderia solicitar da Central de Marcação em Teresina o imediato atendimento da criança.

ENTREVISTA: Murilo Barbosa – Marcação de Consulta

A mãe da criança, Raylla Santos, expressou preocupação com a saúde do filho diante da necessidade do atendimento e da demora para a marcação da consulta. “A cabeça dele está crescendo, as crises convulsivas os remédios já não controlam mais e ele está necessitando do retorno em Teresina, e sempre que eu vou não tem vaga, sempre que a Cleide vai não tem vaga”, conta.

“Nós apenas regulamos a marcação, o máximo que podemos fazer é informar que o caso é de urgência ou não, a Central de Marcação de Teresina é que analisa se o caso de fato é de urgência segundo as informações que foram passadas. E em último caso, como em outras vezes já tem acontecido, a própria promotoria entrar em contato com a central de marcação pedindo que o paciente seja atendido com prioridade”, conclui Murilo Barbosa.