Pais de alunos da Rede Estadual de Ensino, que moram no bairro Belo Norte, procuraram a redação do Grande Picos para denunciar a falta de transporte escolar. Eles estão pagando um veículo particular para evitar que os filhos percam aulas.
Esse problema começou desde a suspensão do convênio da Secretaria Estadual de Educação com a Secretaria Municipal de Educação, que garantia que os alunos de escolas estaduais fossem transportados em ônibus escolar do município.
O presidente da Associação de Moradores do bairro, Valdemar Filho, fala que após o cancelamento da parceria, muitas famílias foram prejudicadas.
“Fui muito procurado pelo povo, pela população, isso é um absurdo, os alunos prejudicados por falta de transporte, querendo ir para o colégio e não tem. Alguns, os pais têm o transporte para levar e ir buscar, mas mesmo assim trabalham, não tem tempo para estar se locomovendo, atrapalha o trabalho”, argumentou.
O comerciante Wilivan Macedo relata que está fechando o seu comércio diariamente para poder levar os filhos à escola. “Estou pegando o meu transporte e saindo, fechando meu comércio, atrapalhando tudo e na ida, a gente vai encontrando os outros alunos indo a pé e o ônibus passa pela gente, vazio e não leva os alunos”, contou.
O autônomo Antonio José disse que quando sua filha não consegue carona, é obrigada a ir a pé para estudar no Centro da cidade. “Eu estou indo deixar ela a pé e quando não vou deixar, ela vai de carona. A gente tem que levantar muito cedo, ontem eu saí daqui 06 horas para chegar a tempo”.
A comerciante Cenália Silva contou que já está completando dois meses que eles estão enfrentando esse problema de locomoção. “A gente tem a moto, que meu marido usa para trabalhar e ele está desviando do trabalho dele para poder ir deixar a minha filha na escola e as vezes ela vai de carona”.
Já a funcionária pública, Maria de Lourdes, relata a dificuldade que está enfrentando devido a suspensão do transporte escolar. “É um descaso, uma falta de respeito com os estudantes. Semana passada eu passei 6h30 da noite na Emaús e vinha um rapazinho a pé com a bolsa nas costas, suado, cansado, com fome e eu tive que trazer na moto, porque eu já estava trazendo o meu. Isso é uma falta de respeito com as pessoas do nosso bairro”, lamentou.
A dona de casa Irismar Maria pede uma solução para o problema. “Tem que ter uma solução, porque a gente já morou distante e depende desse ônibus. Eu tenho duas filhas que estudam, uma pela manhã e outra a tarde, e meu marido trabalha e fica difícil para ele ficar levando e trazendo”.
O OUTRO LADO
A equipe do Grande Jornal procurou a 9ª Gerência Regional de Educação (9ª) e a gestora, Noêmia Marques, informou que o transporte escolar dos alunos da rede estadual de ensino de Picos já foi normalizado. Ela conta que ainda há alguns contratempos devido à falta de informação por parte de pais e de alunos, que ainda não tinham conhecimento dos horários que o ônibus escolar estaria passando para pegá-los.
“O transporte agora já está acontecendo, ainda há um contratempo porque como na maioria das localidades mudou o carro, as vezes o carro vai e passa numa rua diferente que o outro carro passava, é um carro diferente e o aluno as vezes não vê, mas 90% já está normal, regularizado o transporte e nós acreditamos que o aluno vai ganhar com isso, porque agora ele não precisa sair uma aula mais cedo para pegar o transporte, porque a questão que estava havendo, era a incompatibilidade de horários. O nosso público, 90% dos nossos alunos, são alunos do ensino médio e é uma carga horária mais extensa, porque uma aula pode parecer não ser nada, mas durante um ano há uma perca muito grande para o aluno”, explicou Noêmia.
A gerente da 9ª GRE pediu a compreensão dos pais e alunos e falou que a mudança ocorreu com o objetivo de garantir que os alunos assistam as aulas de forma integral.
“Quero até aproveitar a oportunidade e falar para os pais, os alunos e a comunidade em geral que esse é o objetivo, é oferecer um transporte com mais qualidade, nesse sentido de não haver perca de aula do aluno, mas que esse momento de transição, sempre há contratempos, até tudo se acertar. Mas o estado garante o transporte do aluno”, finalizou Noêmia Marques.
Apuração: Assis Santos e Daniela Meneses