O governo do Piauí entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em conjunto com outros 24 estados para tentar receber R$ 21 bilhões da União. Os recursos são referentes ao ano de 2017 e equivalem a 20% da parcela relativa à Desvinculação das Receitas da União (DRU). Só o Piauí teria direito a R$ 900 milhões, de acordo com o Executivo estadual.

Segundo o governo do Piauí, os Estados resolveram acionar a Justiça porque o governo federal ignorou a notificação extrajudicial que vários estados fizeram ao presidente Michel Temer, no início de abril, alertando sobre o assunto. A descoberta da irregularidade foi feita por Minas Gerais, que depois recebeu o apoio dos demais Estados, inclusive do Piauí.

“O governo federal está asfixiando os Estados e Municípios com bloqueio de recursos do FPE e FPM, e com aplicação inconstitucional da regra da DRU. A perda para o Piauí chega a R$ 900 milhões por ano. Assim não dá. Por isso, tivemos que, mais uma vez, recorrer ao STF”, afirma o governador Wellington Dias.

Pela lei, segundo o Executivo estadual, a União teria obrigação de compartilhar com os estados 20% dos 30% que retira da DRU. Pelos cálculos, isso significa R$ 21 bilhões do que foi arrecadado em 2017 e que teria que ser repassado aos Estados por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

Na ação é feita a denúncia de que a União tem criado, nos últimos anos, contribuições sociais para não criar impostos residuais. No entanto, segundo a lei, todos os impostos não regulatórios (caso das contribuições sociais) precisam ir para compartilhamento com os Estados, por meio do FPE.

“Então, a União aumenta violentamente a carga tributária, por isso hoje 70% do que se arrecada vai para a União, para não compartilhar com os estados”, explica Wellington.

Dias acusa a União de ser responsável pela falta de dinheiro nos cofres públicos estaduais. “Os Estados são responsáveis por saúde, educação e segurança e aí fica muito claro por que esses três setores andam tão ruins no país. A União quebra sistematicamente os Estados à medida que cria tributos para ela e não compartilha. Quando o SUS foi criado, 80% das despesas eram da União, hoje é menos de 40%. Ela descentraliza despesa e centraliza receita. A nossa briga é pelo equilibro federativo do Brasil”, conclui o governador.

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