Na segunda-feira (9) o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou os interrogatórios de oito dos 31 réus envolvidos no processo sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, conduz os depoimentos, incluindo o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do tenente-coronel Mauro Cid.
Na tarde de ontem, o tenente-coronel Mauro Cid foi o primeiro réu a prestar depoimento, respondendo questões que já haviam sido tratadas em sua delação premiada. Cid confirmou que houve uma tentativa de golpe de Estado e que presenciou grande parte dos fatos, mas não participou deles. O militar, contudo, negou que tivesse conhecimento prévio dos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Mauro Cid afirmou que Bolsonaro recebeu no fim de 2022 a minuta de um decreto que previa a criação de uma comissão para organizar novas eleições. Esse rascunho também mencionava a prisão de ministros do STF e membros do Legislativo. Cid também disse que Bolsonaro alterou esse trecho do documento e manteve apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes.
“Ele enxugou o documento, basicamente retirando as prisões das autoridades. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso”, disse Cid.
Além de Cid, o deputado federal Alexandre Ramage também prestou depoimento.
Nesta terça-feira (10), o Supremo dá continuidade aos interrogatórios. Os réus ouvidos nessa fase formam o “núcleo 1” da trama, considerado responsável pelas principais ações da tentativa de ruptura institucional, conforme as investigações policiais. Nessa etapa, cada um dos interrogados é questionado pelo ministro Alexandre de Moraes e pelas defesas dos demais réus. Os depoimentos estão previstos para durar até a sexta-feira (13).
Os interrogatórios são transmitidos nos canais da TV Justiça e do STF.