A Amazônia perdeu 2.296 quilômetros quadrados (km²) de vegetação de agosto de 2024 a março de 2025, segundo o monitoramento por imagens de satélite do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Este número representa um aumento de 18% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram desmatados 1.948 km², uma área maior que a cidade de Palmas, em Tocantins.
O monitoramento é realizado com base no “calendário do desmatamento”, que vai de agosto a julho do ano seguinte. A medição oficial, fornecida pelo sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também segue esse ciclo anual. Embora os números mais altos na série histórica tenham sido registrados em 2020-2021, com 5.552 km² desmatados, o crescimento de 2025 acende um alerta para a preservação do bioma.
Apesar de os números de 2025 ainda estarem abaixo dos picos históricos, a pesquisadora Larissa Amorim, do Imazon, destaca que o aumento no desmatamento é preocupante. “Estamos em uma janela de tempo que pode permitir a reversão desse cenário. As chuvas mais frequentes ajudam a reduzir os distúrbios, o que torna essa fase crucial para a preservação”, afirmou. O período crítico ocorre entre junho e outubro, quando a estação seca facilita as atividades ilegais de desmatamento e queimadas.
Em março de 2025, o município de Apuí, no estado do Amazonas, foi o maior responsável pelo desmatamento na região, com 15 km² derrubados, correspondendo a 38% do total registrado no mês. Outros municípios com altos índices de desmatamento incluem Itaituba (PA), Maués (AM), Colniza (MT) e Nova Maringá (MT).
Entre os estados, Mato Grosso liderou o desmatamento em março, com 65 km² desmatados, representando 39% dos 167 km² de desmatamento em todo o bioma.
O aumento do desmatamento ocorre em um momento estratégico, a poucos meses da realização da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro de 2025. O evento atrairá a atenção global para as questões ambientais do Brasil e da Amazônia.
Em relação às queimadas, o Inpe registrou uma queda significativa de 69% nos focos de calor nos primeiros meses de 2025, quando comparado ao mesmo período de 2024. No entanto, ainda foram contabilizados 2.629 focos de calor na Amazônia, indicando que a ameaça de queimadas continua presente, mesmo com a redução em relação ao ano anterior.