
A safra de grãos do Piauí voltou a registrar queda em 2025, marcando o segundo ano consecutivo de retração na produção agrícola do estado. É o que revelam os dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção caiu 1,96% em relação a 2024, o que representa cerca de 113 mil toneladas a menos.
Em 2025, o estado produziu 5,67 milhões de toneladas de grãos, frente às 5,78 milhões de toneladas registradas no ano anterior. Na série histórica da pesquisa, o melhor desempenho foi observado em 2023, quando a produção alcançou 6,44 milhões de toneladas — volume 12% superior ao atual.
As culturas que mais influenciaram o resultado negativo foram a soja e o milho, responsáveis por 92% da produção total de grãos no Piauí. A soja apresentou redução de 228,8 mil toneladas, o equivalente a uma queda de 6%, enquanto o milho teve diminuição de 31,3 mil toneladas (-1,88%). Outras culturas também registraram desempenho negativo em 2025. O arroz teve queda de 19,9 mil toneladas (-23,98%), o feijão recuou 16,3 mil toneladas (-31%) e a fava apresentou redução de 259 toneladas (-38,14%).

Em contrapartida, duas culturas apresentaram crescimento: o sorgo, com aumento expressivo de 149,7 mil toneladas (147,16%), e o algodão, que cresceu 33,9 mil toneladas (48,98%). Segundo Pedro Andrade, chefe da Seção de Pesquisas Agropecuárias do IBGE no Piauí, os fatores climáticos foram determinantes para o resultado. “As condições do clima se mostraram muito severas ao longo do ano e, assim, tivemos uma perda muito forte na produção, em especial na cultura do feijão”, explica.
A produção de castanha de caju no Piauí também apresentou forte retração em 2025. O estado produziu 14,5 mil toneladas, uma queda de 42,6% em relação a 2024, quando a produção foi de 25,3 mil toneladas. Trata-se da maior redução proporcional entre os estados produtores, o que fez o Piauí perder a posição de segundo maior produtor nacional, alcançada no ano anterior.

Na série histórica, o maior volume já registrado no estado foi em 2008, com 56,2 mil toneladas. O resultado de 2025 representa uma queda de 74% em relação a esse pico. De acordo com Pedro Andrade, a redução expressiva está associada à escassez de chuvas e à ocorrência de pragas que afetaram as áreas de cultivo no estado.
Em nível nacional, a produção de castanha de caju em 2025 foi de 135,9 mil toneladas, o que representa uma queda de 14,64% em comparação com o ano anterior. A redução ocorreu em praticamente todos os estados produtores, com exceção do Rio Grande do Norte e do Pará, que registraram crescimento de 32,27% e 17,14%, respectivamente.
Apesar da queda de 17,69% em sua produção, o Ceará manteve a liderança nacional, concentrando 61,73% da produção brasileira. O Rio Grande do Norte passou a ocupar a segunda posição, com 20% da produção total, seguido pelo Piauí, que ficou com 10,69%.




