O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmou em entrevista exclusiva à TV Cidade Verde, na manhã deste sábado (4), que o governo federal acompanha a investigação de um caso suspeito de intoxicação por metanol em Parnaíba, litoral do Piauí. Segundo ele, a situação é considerada “excepcional e anormal”, com aumento repentino de ocorrências em todo o país, especialmente em São Paulo, onde os registros de agosto e setembro superaram a média anual de casos de intoxicação por esse tipo de substância.

No Piauí, o caso investigado é o de um homem de 28 anos internado no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde, em Parnaíba, após relatar consumo de gin e apresentar sintomas como dor abdominal e visão turva. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesapi) informou que o paciente segue em acompanhamento clínico e que amostras foram enviadas para exames laboratoriais. A Polícia Civil investiga a origem da possível bebida adulterada.

O ministro cumpre agenda em Teresina neste sábado e anunciará a compra de 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico e o pedido de mais 150 mil unidades. Além disso, a pasta solicitou à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a doação de 100 tratamentos do medicamento fomepizol e a aquisição de outras mil doses.

De acordo com boletim da pasta, até as 16h de sexta-feira (3), o país registrava 113 casos suspeitos de intoxicação por metanol, sendo 11 confirmados e 12 mortes em investigação. A maioria dos casos ocorreu em São Paulo, com 101 registros, mas também há notificações em Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Padilha reforçou que o governo federal atua em conjunto com o Ministério da Agricultura e com as vigilâncias sanitárias municipais e estaduais para combater a adulteração de bebidas.

“Estamos diante de uma ação criminosa que ocorre após a produção, quando pessoas adicionam metanol para lucrar mais. Por isso, o alerta é claro: enquanto não houver total esclarecimento da extensão desse crime, evitem consumir bebidas destiladas. É um risco à vida”, concluiu.

Sintomas

O gestor destacou que o Ministério da Saúde estruturou uma rede de resposta para atender as ocorrências e reforçou o alerta para que a população evite, neste momento, o consumo de bebidas destiladas.

“Nós ultrapassamos mais de cem casos suspeitos em todo o país. É importante que o médico ou enfermeiro que atender um paciente com sintomas como náusea forte, vômito, dor abdominal intensa e alterações visuais suspeite de intoxicação por metanol e notifique o Cievs. Isso ajuda a salvar vidas e também a polícia a identificar os responsáveis por esse crime”, afirmou.

O ministro explicou que o governo federal já garantiu estoques do antídoto etanol farmacêutico, distribuído aos hospitais universitários e centros de referência em toxicologia.

"Já temos o produto disponível em todo o território nacional, e ampliamos a compra para assegurar o tratamento em qualquer estado. Nossa prioridade é garantir que nenhuma pessoa deixe de receber atendimento por falta de antídoto”, assegurou.