O Corpo de Bombeiros de Picos encerrou o mês de setembro com 89 ocorrências de incêndio em vegetação e queimadas em geral. O número representa uma redução de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 101 casos. A informação foi divulgada pelo comandante da corporação, capitão Rangel Martins, que também fez um comparativo com os meses anteriores e destacou os desafios enfrentados pela equipe.
“Em setembro do ano passado tivemos 101 ocorrências. Este ano, foram 89. Uma redução significativa, especialmente se compararmos com agosto de 2024, que teve 134 casos. Em agosto deste ano, foram 85, então seguimos uma linha de estabilidade”, explicou o capitão.
Apesar da queda pontual, o acumulado de janeiro a setembro mostra uma redução mais modesta, de cerca de 6%. No entanto, o segundo semestre apresentou uma melhora mais expressiva. “Se pegarmos só o segundo semestre, houve uma redução de 18%. Atribuímos isso à antecipação das queimadas. Em anos anteriores, os focos começavam em junho ou julho. Este ano, já tivemos aumento em maio”, detalhou Rangel.
O comandante também chamou atenção para o aumento de queimadas no primeiro semestre. “Houve um crescimento de 70% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso mostra que o problema apenas mudou de época, não desapareceu”, alertou.
Causas e prevenção
Segundo estudos nacionais, mais de 90% dos incêndios em vegetação têm origem humana — seja por descuido ou ação intencional. Em Picos, cerca de 65% das ocorrências foram registradas em terrenos baldios, o que levanta um alerta para os proprietários.
“Esses terrenos são privados, e os donos podem ajudar a comunidade com uma limpeza preventiva. Quando o mato está alto e seco, é hora de roçar e capinar, sem uso do fogo. Isso evita que terceiros coloquem fogo e causem grandes danos”, orientou o capitão.
Para as comunidades rurais que utilizam o fogo em atividades agropastoris, Rangtel reforçou a necessidade de autorização prévia dos órgãos ambientais. “Existe uma portaria da Semarh que proíbe o uso do fogo. Qualquer queima controlada precisa ser autorizada pela Secretaria de Meio Ambiente do município ou, na ausência dela, pela Semarh. É preciso planejamento para evitar que o fogo se espalhe para áreas não previstas”, destacou.
Estrutura e abrangência
O Corpo de Bombeiros de Picos conta com duas equipes principais para o combate aos incêndios: uma com caminhão de 5 mil litros para ocorrências mais intensas e outra com picape equipada para áreas de difícil acesso. Em casos extremos, bombeiros de folga são convocados para reforçar o atendimento.
“Nossa atuação não se limita a Picos. Atendemos 39 municípios da região. Em grandes incêndios, formamos equipes específicas e deslocamos viaturas para evitar que o fogo atinja cidades, roças, benfeitorias, animais e vidas humanas”, concluiu o comandante.
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