A previsão é de que uma possível paralisação ou mesmo greve por tempo indeterminado ocorra em março na Polícia e nos Bombeiros Militares neste ano após a realização de uma assembleia geral da classe que tratará sobre a política de reajuste salarial da categoria.
De acordo com Capitão Anderson, presidente da Associação dos Bombeiros e Policiais Militares do Estado do Piauí – ABMEPI, a medida imposta será decidida pela classe integrada por militares da ativa, reserva, reformados e pensionista espalhados em todo o estado, por estarem desde 2015 sem nenhum reajuste salarial.
“Nós lideranças não decidimos os rumos das ações do efetivo, apenas somos os catalisadores da mobilização da coletividade militar que em assembléia geral é soberana. Estamos desde 2015 buscando mediar o processo de diálogo com o governo do Estado, por meio do Secretário de Segurança e fazendo de tudo para evitar o desgaste de um conflito entre a classe e o governo, mas até hoje não obtivemos nenhuma resposta formal do governador e, se necessário, iremos fazer aquilo que a classe decidir, vamos seguir firmes na decisão da coletividade militar”, afirmou o presidente da ABMEPI.
Capitão Anderson relembra ainda que as discussões sobre a política de reajuste salarial da classe e sua implementação deveria ter ocorrido no ano de 2015. Entretanto, o governo deliberadamente resistiu em atender as exigências dos policiais e bombeiros militares, em consequência, houve um movimento paredista naquele período, onde 16 lideranças tiveram suas prisões decretadas ilegalmente por estarem apenas defendendo direitos e reivindicando melhores condições de trabalho e salários.
“Em 2015, apresentamos formalmente ao Secretário de Segurança e ao Governador um projeto de reajuste salarial a ser implementado durante o Quadriênio 2015-2018, no entanto, não foi implantado, em seguida, ocorreram várias ações de mobilização dos militares como o “Polícia Legal” e “Tolerância Zero”. Eu e mais outras 15 lideranças tivemos nossas prisões ilegalmente decretadas visando o enfraquecimento do movimento e, de lá pra cá, já se passaram 3 anos e reiteradas vezes provocamos a manifestação do governador Wellington Dias, do Comandante Geral da PMPI, Cel Carlos Augusto e do Secretário de Segurança, Cap Fábio Abreu, quanto ao nosso reajuste, exigência que até hoje não foi atendida e em decorrência dessa inércia governamental a planilha de reajuste perdeu seu objeto”, destacou Anderson.
O presidente da ABMEPI afirma que uma nova proposta de reajuste salarial com implementação para o Triênio 2018-2020 foi apresentada recentemente ao governo, esclarecendo ainda que se o estado não adotar uma postura que possa favorecer o diálogo, a classe fará uma nova assembleia geral que poderá decidir por medidas extremas de enfrentamento com objetivo de impor a política salarial.
“Na primeira semana do mês de janeiro protocolamos junto a Secretaria de Segurança e ao Palácio do Karnak uma planilha atualizada referente ao Triênio 2018-2020 onde foi dimensionado o escalonamento vertical entre os subsídios dos cargos (diferença de 10% entre os subsídios), de forma que se organizou definitivamente a hierarquia salarial dos militares, contemplando-se, inclusive, as perdas inflacionárias e acréscimo de um ganho real mínimo”, fala.
Segundo o Tenente Flaubert, Diretor da ABMEPI, já houve uma assembleia extraordinária no último dia 19 de janeiro, no Clube dos Cabos e Soldados da Policia Militar, e que a classe decidiu por somente tomar alguma decisão em março, após uma resposta oficial do governo.
“Fizemos a primeira assembleia geral, dia 19, onde foram debatidas algumas pautas ficando votado e acordado que a categoria aguardaria até o fim do mês de janeiro a contraproposta que o Secretário Fábio Abreu declarou nos meios de comunicação que a equipe do governo iria apresentar. Inclusive, foi deliberado ainda que, caso não fosse apresentado uma contraproposta do nosso reajuste salarial já ficaria fixado o dia 09 de março para a convocação de uma nova assembleia geral dos policiais e bombeiros militares estaduais para pautarmos e votarmos as estratégias de enfrentamento do governo visando a imposição da nossa política salarial”, pontuou Flaubert.
Caso se confirme a possibilidade de paralisação como estratégia de enfrentamento da classe militar, o Estado poderá evoluir para uma situação de crise no sistema de segurança pública e de defesa civil, onde o efetivo poderá ficar aquartelado nos batalhões e companhias, não terão viaturas circulando nas ruas da capital e do interior, voos comerciais poderão ser suspensos diante da ausência de efetivo dos bombeiros no aeroporto da capital, dentre muitas outras situações caóticas.
Greve no Rio Grande do Norte
O exemplo mais recente decorrente de conflito entre governo e militares aconteceu no estado do Rio Grande do Norte, em 19 de dezembro 2017, policiais e bombeiros reivindicando o pagamento dos salários e melhores condições de trabalho paralisaram as atividades em todo o território potiguar. No dia 6 de janeiro, o governador decretou calamidade na Segurança Pública. Durante a greve, a onda de violência aumentou no estado, principalmente na capital.
Foram registrados vários homicídios, roubos e arrombamentos em lojas e residências. O governo federal enviou 2,8 mil homens das Forças Armadas para reforçarem o patrulhamento das ruas. Além disso, A Força Nacional foi acionada e 100 homens foram enviados ao RN, a greve durou 20 dias.
Portal AZ