O desrespeito às regras estabelecidas pelo sistema de regulação estadual de leitos tem ajudado a potencializar a superlotação no setor destinado ao tratamento da Covid-19 no Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano. O local recebe pacientes de diversos municípios da região sul do Estado. Muitos deles chegam como demanda espontânea, ou seja, sem um comunicado prévio por parte das prefeituras à direção do hospital, através do sistema estadual de regulação de leitos.

O problema voltou a acontecer durante o final de semana. De acordo com relatos de profissionais que atuam no Hospital Tibério Nunes, alguns pacientes chegaram a esperar mais de quatro horas do lado de fora da unidade, por conta da falta de vagas. Muitos acabaram sendo regulados pelos profissionais de Floriano e encaminhados para atendimento em outros municípios da região.

“Está sendo bem difícil, porque muitos pacientes estão vindo sem regulação. Às vezes só ‘descarregam’ o paciente aqui e não dão nenhuma informação, sendo que a gente está lotado, em UTI e Enfermaria. Não temos mais vaga para nenhum paciente. Às vezes chegam pacientes  que a gente deixa no corredor,porque mão tem onde atender. Não tem como administrar tantos pacientes, relatou a enfermeira Brenda Damasceno ao site local JC 24 horas. A profissional coordenou um dos plantões do final de semana no Hospital Regional Tibério Nunes.

De acordo com informações do boletim de leitos divulgado pela Secretaria de Saúde na noite de ontem (06), o Hospital Regional Tibério Nunes registra lotação elevada no que diz respeito aos leitos clínicos destinados à pacientes em tratamento da Covid-19. Dos 26 disponíveis, 25 estão ocupados.

Em relação aos leitos de UTI, a taxa de ocupação também é considerada alta. Dos 20 leitos de UTI disponíveis no Hospital Tibério Nunes. 15 estão ocupados, de acordo com o boletim da Sesapi.

Situação também é comum em outros hospitais

A situação enfrentada pelos profissionais do Hospital Regional Tibério Nunes também se repete em outros hospitais regionais do Estado. A informação foi confirmada pela gerente do Complexo Regulador Estadual, Luciane Formiga.

“O principal prejuízo para a instituição é que para receber um paciente é preciso estar organizada com leitos e com condições de prestar assistência. Se o paciente vai de forma desorganizada, prejudica a assistência. Quando o paciente é regulado, ele é referenciado para o lugar certo. Por exemplo, nem sempre o paciente que vai para Floriano de forma espontânea nem sempre sabe se lá é o local adequado, que possui a assistência que ele ia precisar. Às vezes, ele faz uma ida desnecessária e perde tempo, podendo ir direto ao local que a assistência seria direcionada”, explicou.

A gerente do Complexo Regulador Estadual também explica que os hospitais que funcionam como ‘porta aberta’ possuem um percentual destinado ao atendimento de demanda espontânea, ou seja, pacientes que não passaram pelo sistema de regulação. Segundo ela, em alguns casos, como em Floriano, esse percentual está sendo desrespeitado.

Nos próximos dias, os gestores municipais de saúde vão ser notificados e devem ser chamados para receber orientações sobre a obrigatoriedade da regulação de pacientes. “Nós vamos ver com os diretores dos hospitais quais são os casos e em quais municípios, para a gente trabalhar pontualmente. Essa orientação sempre foi dada, a gente faz isso desde que começamos a trabalhar a regulação no Estado do Piauí. Todos os municípios sabem da orientação. Se estão desobedecendo, é por responsabilidade própria e não por desconhecimento”, destacou Luciane Formiga.

 

Natanael Souza
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