Desde os primeiros casos de coronavírus no Piauí, registrados ainda no mês de março, 422 pacientes internados tanto na rede hospitalar privada como na pública já receberam altas médicas e são considerados recuperados da Covid-19. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi).
O médico intensivista e integrante do Centro de Operações de Emergência da Sesapi (COE), Bruno Ribeiro, estima que estes 422 pacientes que tiveram alta fazem parte dos 15% da população que desenvolveu sintomas mais graves da Covid-19 e precisou de cuidados hospitalares como oxigênio, fisioterapia e antibióticos.
“Entre as altas também temos pacientes que ficaram na Unidade de Terapia Intensiva e que foram salvos por ter tido oportunidade de utilizar ventilador mecânico, fazer hemodiálise e outros cuidados dentro da UTI”, explica o médico.
Tratamento variado
Bruno afirma que não dá para especificar quais medicamentos foram utilizados em cada paciente que recebeu alta porque os dados não constam no sistema que o Ministério da Saúde utilizada para acompanhar os casos. Ele admite que houve uso da polêmica cloroquina em alguns pacientes, mas ressalta que ainda não há uma medicação que consiga, comprovadamente, eliminar o coronavírus e que os tratamentos adotados variam muito.
“O tratamento utilizado é bastante variável de Norte a Sul do estado: medicamentos, doses, duração. Tudo muda de um hospital para outro. Tenho mantido contato com médicos de todo o estado e posso dizer que as medicações variam muito. Até hoje não existe um medicamento que consiga comprovadamente eliminar o vírus. Tudo que estamos utilizando são tentativas de acelerar a recuperação ou então de combater outros efeitos da doença, como inflamação nos pulmões ou tendência aumentada de tromboses”, esclarece o médico intensivista membro do COE.
O médico atribui as altas ao “bom cuidado” que ele afirma que os pacientes estão recebendo nos hospitais que permite que os organismo de cada infectados consiga combater o coronavírus através da imunidade.
“Não dá para atribuir a nenhuma medicação. Essas altas estão sendo registradas desde março e de lá pra cá diversos medicamentos e doses diferentes tem sido utilizadas. No mês de março cloroquina estava sendo usada somente para os casos mais graves, conforme orientação do Ministério da Saúde. Pouco antes do ministro Mandetta sair ele orientou utilizar nos casos moderados e no mês de maio surgiu a orientação para usar em casos leves. Mas os casos leves nem chegam a internar”, explica.
Doença séria
Entre os 422 pacientes considerados recuperados no Piauí está o aposentado José Sabino, 65 anos. Hipertenso, diabético e com problemas no estômago, seu Zé, como é conhecido, não respeitou o isolamento social e acabou contraindo o coronavírus.
Após mais de dez dias internado, seu Zé recebeu alta na terça-feira (26) e diz que ficou “muito emocionado” ao vencer a Covid-19. Segurando uma “carteira da cura”, o aposentado alerta que a doença é séria.
“É uma doença que avança rápido e se espalha ligeiro. Estava tossindo muito, como se tivesse muito gripado. Fiquei tão emocionado que recebi alta. Graças a Deus não precisei ser entubado”, conta seu Zé, que afirma que agora entende a importância do isolamento social e pede que as pessoas evitem sair de casa.
“Pessoal eu aconselho todos vocês a ficarem em casa, seguir as recomendações. Usem máscara porque a doença é seri,a é perigosa. Andei perto de morrer, mas nao morri graças a Deus e à equipe que cuidou de mim”, disse.
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