Uma pesquisa divulgada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revela que o Piauí possui cerca de 1,7 milhão de hectares plantados para 7,8 milhões de hectares preservados. A média, de acordo com os especialistas, aponta para uma inversão positiva ao que exige o Código Florestal, que prevê a preservação de 20% da área usada para o plantio. O levantamento inédito, chamado de Análise Territorial do Cadastro Ambiental Rural (CAR), foi encomendado pela Associação dos Produtores de Soja do Piauí (Aprosoja) e divulgado na tarde desta segunda-feira (16) na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi).
No Piauí, de acordo com os produtores, o percentual aponta para a preservação de cerca de 80% da área diante de 20% usados na produção.
“Significa dizer que mais ou menos para cada hectare agrícola, nós temos outros cinco hectares para a preservação do meio ambiente. Isso mostra de forma inequívoca que produzir e preservar aqui no estado do Piauí está numa situação de muito bom equilíbrio”, informou o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Gustavo Spadotti.
Participaram do evento deputados estaduais – como o presidente da Alepi, Themístocles Filho, além de parlamentares federais.
O dado da Embrapa vai de encontro à concepção de que a produção de soja, de algodão e grãos de milho em grande escala no território piauiense é prejudicial ao meio ambiente. Conforme os dados do CAR, em média, 63% da área dos imóveis rurais no Piauí são destinados para preservação ambiental. Segundo Spadotti, a produção de soja, por exemplo, resulta na fertilidade do solo para outras culturas. “Quanto mais você produz numa área agrícola, maior vai ser a produtividade dela”, disse.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) no Piauí, Alzir Neto, garante que o crescimento da produção de soja tem crescido, respeitando os parâmetros ambientais. “Nós iniciamos na década de 90, um hectare de soja mal produzia 30 sacas de soja, hoje batemos 2017 com mais de 60 sacas por hectare, dobramos a produção”, afirma.
Para Alzir Neto, a tecnologia tem contribuído para a preservação das áreas. Os produtores tem aumentado a produção usando menos espaço. “O conceito de que para produzir mais a gente não precisa expandir em área, o conceito de que nós conseguimos ter um incremento de produção aplicando técnica, ciência e tecnologia”.
O Piauí também é visto com otimismo pelos pesquisadores da Embrapa. Além de ter o percentual de 20% obrigatórios para a preservação do meio ambiente, os produtores do estado têm um excedente considerável dentro da propriedade.
“Isso significa que ele tem uma reserva que potencialmente pode ser utilizada para conversão de novas áreas agricultáveis. Além de convergir áreas ainda existe muito empenho, muita pesquisa para ganhos em produção e intensificação dessas áreas, produzir cada vez mais no mesmo intervalo de terra, de forma a ter maior produtividade das culturas e maior intensidade no uso da terra, conseguindo colher duas, até três safras agrícolas no mesmo local”, pontuou Spadotti.
Desenvolvimento econômico
Para o vice-presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, o ambientalismo e algumas normas internacionais são impasses para o desenvolvimento econômico brasileiro.
“Se criou uma guerra dentro dessa parte ambiental para, na verdade, nos impedir economicamente como país desenvolvido. Porque nós temos aqui todas as riquezas. Países, principiante europeus, não têm interesse que o Brasil chegue ao ponto (de produção agrícola) que ele possa a chegar”, avalia.
O estudo traz também uma projeção de áreas agricultáveis que podem ser incorporadas à atividade econômica respeitando os limites do Código Florestal.
A Aprosoja Piauí apresentou ainda a Carta de Palmas, documento em que a Aprosoja Brasil e suas 16 associadas estaduais reafirmam para a sociedade, governos e empresas do Brasil e do exterior a sustentabilidade da soja brasileira.
Fonte: Cidade Verde