Pesquisadores da Universidade de Sorocaba (Uniso) e da Unicamp produziram um composto na forma de gel, que tem como base a proteína de abacaxi, conhecida como bromelina, e a celulose bacteriana. Os dois elementos já estavam sendo estudados anteriormente para fins medicinais. O curativo tem ação anti-inflamatória para a cicatrização mais eficiente de ferimentos, ulcerações e queimaduras. As duas equipes conheciam o trabalho uma da outra e decidiram juntar seus esforços para criar o curativo. O artigo foi publicado no Scientific Reports, do grupo Nature, que mostra os resultados do trabalho conjunto. “Como a nanocelulose bacteriana já vem sendo aplicada como produto cicatrizante, nós tivemos a ideia de associar a ela uma proteína com propriedades anti-inflamatória e antimicrobiana”, diz a pesquisadora Angela Faustino Jozala, do Laboratório de Microbiologia Industrial e Processos Fermentativos da Uniso, em entrevista à BBC.

De acordo com a pesquisadora Priscila Gava Mazzola, da Unicamp, também autora do artigo, a extração da bromelina de resíduos de abacaxi diminui o impacto ambiental da industrialização da fruta e gera um produto de alto valor agregado. Durante os testes, as membranas de nanocelulose bacteriana foram mergulhadas por 24 horas em um solução de bromelina. 30 minutos depois, os pesquisadores notaram que quando os dois elementos se incorporaram, houve maior liberação e aumento de nove vezes na atividade antimicrobiana da membrana. “Ou seja, foi criada uma barreira seletiva, que potencializou a atividade proteica e outras ações importantes para a cicatrização, como o aumento de antioxidantes e da vascularização”, conta Jozala à BBC. Segundo ela, o novo curativo já foi aprovado na primeira fase – que é a fase de laboratório, para verificar se o produto tem o efeito desejado e não é tóxico. A segunda fase é o teste em animais. Os trabalhos estão sendo feitos no novo laboratório da Uniso.

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