A Confederação Nacional do Comércio (CNC) prevê que o peso da carga tributária do setor possa cair quase 28% com a reforma. Apesar do otimismo, o comércio pede ajustes e defende que os abatimentos previstos no texto cheguem aos custos da folha de pagamentos.
O empresário Lauro Pimenta, que tem uma loja de roupas no centro da capital paulista, acompanha os passos da reforma tributária e torce para que não haja surpresas na votação do Senado: “o Brasil ele é acostumado com jabutis, chega na hora da votação, começa dar isenções pra certos setores e outros não, o que a gente defende é a equidade”.
O professor Ulisses Ruiz de Gamboa, do Insper, acredita que alcançar a equidade não será tão simples para o comércio. O setor não deverá contar com os créditos fiscais previstos na reforma, que é o desconto do que foi gasto em insumos na cadeia produtiva: “os setores serviços, agropecuária, comércio são setores intensivos da mão de obra, e a mão de obra, ao contrário das matérias-primas, ela não gera créditos tributários”.
Representantes do comércio são favoráveis a reforma tributária, consideram que a simplificação e o fim da cumulatividade no pagamento de impostos vão trazer mais transparência fiscal, além de ajudar no planejamento futuro, mas defendem ajustes para evitar possíveis prejuízos a um dos setores que mais empregam no país.
O comércio e os serviços geram 60% dos empregos formais no país. Para manter esse nível, a Confederação Nacional do Comércio espera que o Senado discuta uma compensação ou a redução dos encargos trabalhistas.
“Quanto maior o peso da folha no processo produtivo, na venda, na comercialização de uma mercadoria, na prestação de serviço, maior o risco dessa empresa sofrer majoração tributária, na apuração e pagar mais impostos. Empresas que empregam muito poderiam ter aí um abatimento”, diz Fábio Bentes, economista da CNC.
Mesmo com essa preocupação, a confederação fez um estudo com base em uma alíquota de referência de 25%, para os novos impostos sobre valor agregado – o IBS e o CBS, e concluiu que a carga tributária para o comércio seria reduzida – em média – em 27,9%.
“Uma vez que a gente tenha noção do que a gente paga de imposto, a gente vai poder lutar pra reduzir a carga tributária no do Brasil, que é de 34%. A gente precisa reduzir isso porque os nossos concorrentes têm uma carga tributária menor que a nossa”, diz o economista da CNC.
Fonte: SBT News