O preço do tomate praticamente dobrou em 1 ano e o alimento foi segundo item que mais subiu nos 12 meses até março (94,5%), depois da cenoura.
Somente no mês passado, o aumento foi de 27%, mostra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na sexta-feira (8), pelo IBGE.
A escalada de preços foi tão forte que um comerciante de Mogi das Cruzes (SP) está dando até desconto para clientes que pedem lanche sem tomate.
No campo, colheitas menores têm elevado o valor da hortaliça. O pesquisador João Paulo Deleo, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), explicou ao g1 por que isso está ocorrendo e como o preço do tomate deve ficar nos próximos meses. Veja a seguir.
Por que a colheita caiu:
- chuvas intensas no início do ano geraram perdas nas plantações, afetando os produtores do Sudeste e do Nordeste pela combinação com o calor intenso. Essa dobradinha aumenta a incidência de doenças nas lavouras;
- área plantada de tomate vem diminuindo desde 2020 porque, no início da pandemia, os produtores perderam vendas com o fechamento do comércio e decidiram diminuir a área de plantio. Eles continuaram a fazer este movimento em 2021, mas por outro motivo: em março daquele ano, a colheita foi abundante e derrubou os preços ao produtor. Para recuperarem faturamento, decidiram reduzir ainda mais a área;
- fim da safra de verão e início da de inverno, que ocorre em abril no Sul e Sudeste. Nessa época, costuma-se colher bem pouco tomate.
Vai continuar caro?
O valor do tomate deve continuar alto em abril, já que não se espera um aumento muito expressivo das safras, afirma Deleo;.
“Os preços tendem a recuar entre julho e setembro, à medida que a safra de inverno avança”, diz. “
“Porém, tomate a gente nunca tem certeza. É uma hortaliça muito sensível à temperatura. Por isso, não é incomum oscilações de preços em períodos muito curtos”, acrescenta o pesquisador.
Nas regiões Sul e Sudeste, onde é mais forte a produção de tomate, a safra de inverno ocorre entre os meses de abril a novembro, enquanto a de verão vai de dezembro a março.
G1