O deputado estadual Ziza Carvalho (PT) criticou durante o final de semana a construção e a recuperação de estradas estaduais na região dos cerrados piauienses. A região é responsável por quase toda a produção de grãos do estado, principalmente a soja, produto mais exportado do estado.

Ziza afirmou em vídeo publicado nas redes sociais que os empresários deveriam ter a responsabilidade de construir as próprias estradas para escoar a produção, fato que desagradou os produtores da região.

“Eu vejo muita gente reclamando das estradas do sul, que não escoam a produção de ricos produtores do estado. Mas agora eu pergunto: Quantos piauienses estão produzindo? O que eles estão produzindo? Eu conheço fazendas de 50 mil hectares de soja e milho, fazendas que tem aeroportos privados, melhores do que os de Teresina. E eles estão precisando de estrada? Eles fizeram aeroportos, tem aviões, tem jatos (…), e eles estão reclamando que o governo não faz estrada” questionou o parlamentar.

Resposta dos produtores

Em nota a Associação dos Produtores de Soja do Piauí criticou duramente as afirmações do parlamentar e defendeu o agronegócio como gerador de emprego.

“Nem Silva, nem Santos, nem Sousa, nem Carvalho…Não há de fato muitos piauienses que plantam soja nos nossos cerrados, se de forma míope entendermos que piauiense é aquele que nasceu neste estado. Não houve interesse no cerrado por nenhum dos nativos que aqui passaram também.

Os índios e seus ancestrais sequer repararam as pobres terras secas do cerrado. Desde os tempos pré-coloniais nunca houve maiores interesses no cerrado. Neste entendimento, os Silva, Santos, Sousa e Carvalhos, elite europeia vinda de Portugal que nasceram nestas terras também não tiveram este interesse em produzir. Verdade que há uma certa vocação do povo sulista para tornar terras praticamente inférteis em solos de cultura.

Mas a discussão míope que adorna este cenário é de uma flacidez estonteante. Justificar a falta de infraestrutura devido ao fato de a região crescer pelas mãos de “imigrantes”, que trouxeram riquezas e criaram suas famílias nestes solos, é no mínimo desconhecera história do próprio povo. Felizmente, nota-se que a classe política está compreendendo que a vocação do Brasil, do Piauí é o agro. Isso ficou muito evidente durante essa pandemia, já que o #agronaopara, ao contrário de alguns mandatários que, eleitos pelo povo, deveriam trabalhar pelo povo e pelo seu estado, mas preferiram se isolar e, inebriados, expõem uma visão pequena que, nem de longe, reflete a grandeza do Estado do Piauí, que é acolhedor e cresce, ao padrão chinês, graças ao agro.

Imigrantes sempre foram estigmatizados mundo afora. E as figuras mais preconceituosas os marginalizam. Mas a grandeza deste povo que vem e enfrenta as dificuldades de abrir um novo começo e propiciar aos antes pobres municípios, hoje serem os municípios mais ricos do estado com o menor investimento público. Lamentável a visão tacanha de alguns. Temos certeza que não representa a visão da maioria. Viva o agro piauiense, viva seu povo e sua ousadia. Poderíamos em números rápidos mostrar o que estes “forasteiros” colocam nas mesas de todos sejam brasileiros ou chinesas.

A soja que alimenta os rebanhos, que produz o óleo, que faz a maionese, que gera o biocombustível, que muda rotas, que engorda o gado, o frango, suíno e peixe. São mais 2,6 milhões de toneladas, que multiplicam riquezas e movimentam a economia. Que permite uma mercearia no interior do Piauí vender mais, e contratar mais pessoas, que permite um piauiense do semiárido comprar um milho mais barato e um pernambucano servir um prato feito para um caminhoneiro paraibano que leva uma carrada de farelo de soja para a granja no seu estado tudo isto sem preconceito. Viva o agro piauiense. Viva a diversidade!

Alzir Pimentel Aguiar Neto, Presidente da APROSOJA – PI”

Deputado se desculpa

Em nota Ziza Carvalho se desculpou com os empreendedores do Agronegócio;

“Em virtude da grande repercussão que teve o vídeo postado em um grupo de WhatsApp, feito, em momento de descontração, entre amigos, em conversa informal entre os integrantes do grupo, e que, em determinado momento, fez menção às rodovias estaduais, reforço que quis tão somente reforçar a importância de se por em discussão, também, a atuação dos produtores da região do semiárido piauiense, rica em importantes arranjos produtivos, como a produção de mel orgânico, a ovinocaprinocultura, bem como a criação de galinha caipira de canela preta. Muitas vezes os governantes precisam fazer escolhas temporárias para a implementação de políticas públicas. A intenção não foi em nenhum momento desmerecer ou ofender os produtores do cerrado piauiense.

É indiscutível a importância do agronegócio nos cerrados para o desenvolvimento do Estado, bem como são bem-vindos todos os que aqui vieram desbravar e empreender”

O Dia