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Sobe número de alunos de escolas particulares que migraram para públicas no país

Diante da pandemia, o número de alunos de escolas particulares que migraram para as redes públicas de ensino aumentou de forma considerável. Uma pesquisa realizada pela consultoria de gestão escolar Rabbit, que tem como base mais de 1500 escolas particulares em todo o Brasil, mostram que essas instituições de ensino perderam um terço das matrículas, ou seja, cerca de 2,7 milhões.

No Rio de Janeiro, por exemplo, mais de 46 mil alunos (46.855) da rede privada foram matriculados este ano em colégios públicos, segundo dados oficiais das secretarias municipais e estaduais de educação.

Na rede estadual fluminense, são mais de 26 mil crianças e adolescentes que fizeram a migração neste ano. O número representa 17% das matrículas totais, sendo a maior porcentagem dos últimos cinco anos. Já na rede municipal do Rio, 20.850 alunos oriundos da rede privada foram matriculados neste período letivo. Em 2020, foram menos de 19 mil alunos neste cenário.

Enquanto isso, em São Paulo, mais de 4.500 alunos oriundos de colégios públicos já se matricularam na rede estadual até o mês de junho. Em todo ano de 2020, quando a pandemia teve início, foram mais de 15 mil migrações. Já em 2019, período pré-pandemia, a secretaria estadual registrou menos de 11 mil alunos vindos da rede privada.

À CNN, a professora universitária de Harvard e diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, Claudia Costin, afirma que a crise financeira ocasionada pela pandemia é a principal causa dessa migração. Segundo ela, a ida de alunos de escola particular para a pública já ocorreu em outros momentos, mas não nessa dimensão.

“A Covid-19 trouxe uma crise econômica forte, que atingiu também o setor da educação. No caso desses alunos que eram de particulares e migraram para a rede pública, infelizmente a explicação ainda não está na melhora da qualidade nas escolas municipais ou estaduais. A mudança está nas dificuldades econômicas que afetaram essas famílias”, afirma.

A professora Claudia Costin destaca, ainda, que a crise resultou na demissão de um grande grupo de professores, por falta de verba.

Em entrevista à CNN, o presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Ademar Pereira, estima que cerca de 20 mil docentes foram demitidos durante a pandemia.

Pereira também acredita que a migração dos alunos em todo o Brasil está relacionada com a crise econômica, mas afirma que, com a retomada do ensino presencial, esses alunos irão voltar aos colégios particulares.

“Quem saiu da escola perdeu muito no sentido da aprendizagem. À medida em que as aulas presenciais estão voltando, vamos retomar esses alunos. As escolas privadas demonstraram durante a pandemia uma condição muito melhor para preparar as crianças e adolescentes”, disse.

Segundo Pereira, a educação infantil foi a mais afetada, com mais de um milhão de contratos quebrados de crianças com até três anos no país.

O CEO da consultoria Habbit, Christian Coelho, também aposta na retomada do mercado de educação em todo o Brasil. Segundo ele, a inadimplência de pais que deixaram de pagar a escola por mais de três meses diminuiu de 24% em julho de 2020 para 8% no mesmo período deste ano.

“Projeto que até o fim do ano essa inadimplência pode cair para 6,5%, o que mostra uma retomada do mercado. As escolas infantis devem sentir esse crescimento ainda mais rápido, já que perderam mais durante a pandemia.”

CNN