Atualizada às 12h23
Uma investigação realizada pelo Ministério Público do Estado concluiu que, os 200 presos que adoeceram na Cadeia Pública de Altos, teriam sido vítimas de envenenamento e não de impurezas encontradas na água, como havia detectado a Secretaria Estadual da Justiça (Sejus). Seis destes detentos morreram dias após terem sido internados. O MP pede a exoneração do secretário da Justiça, Carlos Edilson.
De acordo com o promotor Elói Pereira, os presos teriam adoecido depois de uma dedetização “mal feita”, que teria provocado intoxicação exógena (envenenamento) dos detentos. A investigação contou com o apoio do setor médico e do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde do Ministério Público, onde foram examinados prontuários médicos provenientes da Cadeia Pública de Altos-PI e dos hospitais públicos onde estiveram internados os detentos, analisados exames laboratoriais e de imagem.
A conclusão do MP foi baseada em laudos médicos e depois de uma videoconferência realizada no dia 02 de junho, com infectologistas, entre eles, um especialista que atendeu 87 presos.
“Essa hipótese diagnóstica jamais foi levantada pelas Secretarias de Saúde e Justiça, através de suas respectivas equipes de saúde. No entanto, após diligências ministeriais, no âmbito deste procedimento investigativo, apurou-se que no início de maio/2020, poucos dias antes dos presos começarem a sentir os primeiros sintomas, uma empresa havia realizado, serviços de dedetização, desratização, descupinização e capina, informação igualmente não repassada pela Secretaria de Justiça ao Ministério Público, mesmo estando esses dados disponíveis naquele órgão público como contratante dos serviços”, afirma o promotor em seu despacho.
No documento, o MP afirma que foi utilizado, na dedetização, o inseticida piretróide CIPERMETRINA 250 CE, que se mostrou compatível com os achados médicos nos exames realizados. “O exame da água constatou a presença de “Escherichia Coli” e “Coliformes Totais”, no entanto, segundo atestado pelos médicos, e considerando o quadro clínico dos detentos, a água não foi o veículo de transmissibilidade da intoxicação exógena (envenenamento)”, destacou.
O promotor informou que solicitou providências ao governador do Estado, Wellington Dias, recomendando a exoneração do secretário da Justiça, Carlos Edilson e encaminhou às autoridades policiais e à promotoria criminal os laudos e ainda ao Ministério da Saúde que também investiga o fato.
“Primeiramente recomendamos a exoneração do secretário, por ele ter escondido os fatos, foi omisso no adoecimento coletivo dos presos e não publicizou ao Ministério Público sobre a dedetização. Também encaminhamos às autoridades policiais que investigam o crime e uma equipe do Ministério da Saúde chega hoje a Teresina para apurar os fatos, já que não estava sendo investigado por parte de secretaria”, informou Elói Pereira.
Esclarecimentos da Sejus
A Sejus informou que solicitou à Secretaria da Saúde, exames técnicos para detectar as possíveis causas do adoecimento dos internos e afirma que a dedetização foi realizada na parte externa da Cadeia, no dia 15 de maio, depois que o primeiro óbito foi registrado. Disse que somente depois do resultado da Sesapi, irá se posicionar definitivamente sobre os fatos.
Acerca das declarações públicas do Promotor de Justiça Dr° Elói Júnior, afirmando que a causa dos problemas de saúde que acometeram um grupo de internos da Cadeia Pública de Altos teria sido intoxicação, tendo em vista uma dedetização ocorrida na Unidade, supostamente no inicio do mês de maio de 2020, a Secretaria de Estado da Justiça esclarece que solicitou a realização de exames técnicos à SESAPI e aguarda a conclusão da análise para determinar a causa do agravo à saúde dos referidos internos.
Importante esclarecer que a dedetização fora realizada em 15.05.2020, nas áreas externas da Cadeia, data esta posterior à da ocorrência do primeiro óbito registrado.
A SEJUS reitera, ainda, que aguarda o resultado dos exames técnicos para se posicionar definitivamente sobre os fatos.
Veja despacho do MP na íntegra
Fonte: Cidade Verde