A pandemia do novo coronavírus já impôs uma profunda mudança no comércio brasileiro, levando os consumidores a novas experiências e migração no faturamento para setores mais associados ao universo online e ao autosserviço. Os números falam por si: quando toda a economia caía em pedaços, o e-commerce registrou um aumento de 42% no faturamento. Parte da mudança tende a voltar ao figurino de antes tão logo a crise termine, mas algumas práticas tendem a permanecer, impondo um novo perfil ao comércio tanto nas grandes redes nacionais como nos negócios locais.
A consultoria Nielsen e o eBit sistematizaram os números que dão a medida das mudanças, em um levantamento sobre as transações entre 19 de março e 14 de abril. Nesse período, enquanto o comércio normal despencou o faturamento, as vendas online (e-commerce) registraram aquele aumento de 42% no faturamento. No caso do autosserviço varejista (sobretudo supermercados), o aumento foi ainda maior: 96%. Em alguns casos, o crescimento é sobre uma base ainda não tão ampla. Mas os números brutos também são reveladores.
Segundo o levantamento da Nielsen e eBit, o faturamento do comercio online nessas quatro semanas foi de R$ 5,3 bilhões, contra R$ 3,7 bi no mesmo período de 2019. A elevação tem a ver sobretudo com o volume de operações, incluindo um terço dos clientes que nunca tinham feito compras pela internet: se no ano passado foram 9,5 milhões de operações comerciais, agora esse número chegou a 13,1 milhões. O ticket médio (valor de cada compra, em média) subiu de R$ 388 no ano passado para R$ 408, este ano. As perspectivas para o setor podem ser medidas também pelo comportamento da Bolsa de Valores.
Mudança vai seguir no futuro
A aposta dos investidores passa pelo universo online. Um exemplo: a Via Varejo (Casas Bahia, Extra.com.br e Ponto Frio), com muita base física, viu suas ações despencarem 42%. A gigante Ali Baba caiu apenas 1,4%, muito pelas incertezas de logística. E a Amazon, sem base física, viu suas ações subirem 28%. Mas o detalhe é que as mudanças devem seguir e vão alcançar os negócios das grandes redes e também no universo local.
A tendência é que mesmo as pequenas pizzarias ou mesmo as vendas de verduras passem a um perfil mais customizado. A internet pode fazer parte desses pequenos negócios através dos grupos de WhatsApp ou Instagram, associado a entregas em domicílio. O consumidor descobriu que pode fazer muita coisa sem sair de casa, isso quer dizer bem mais que pedir um sanduíche ou uma pizza.
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