A manutenção dos cursos de ensino superior e da escola técnica da Universidade Federal do Piauí (UFPI) está ameaçada com o bloqueio de 30% das verbas anunciado na semana passada pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Energia, pagamento de terceirizados, diárias, combustível e materiais de laboratório e de expediente estão entre as áreas afetadas pelo bloqueio.
O reitor da UFPI, professor doutor Arimatéia Dantas, disse em entrevista à TV Cidade Verde que o corte “é um golpe muito forte para a gestão”. A universidade oferta cerca de seis mil vagas de graduação e dezenas de cursos de pós-graduação em 10 centros de ensino.
De acordo com o reitor, as universidades federais já vêm sofrendo ao longo dos últimos anos reduções nos orçamentos de custeio que, segundo ele, são os recursos que fazem com que elas funcionem.
Na UFPI, 78% da folha são para pagamento de pessoal. Cerca de 2% dos recursos são para investimento. O restante, 20% é para custeio. “É sobre os 20% o bloqueio de 30% de investimento”, explicou Arimatéia.
O custeio é dividido em ações: assistência estudantil, pagamento de bolsas de fomento à pesquisa e o funcionamento do colégio técnico e do ensino superior. Segundo Arimatéia, a manutenção do bloqueio vai “inviabilizar a universidade diante dos seus compromissos”.
Desde 2015 os recursos para custeio vêm diminuindo em contrapartida a um aumento nos recursos globais da universidade. A separação dos recursos da UFPI da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) não afetou proporcionalmente os recursos da universidade.
O reitor informou que nesta sexta-feira haverá uma reunião com parlamentares federais buscando apoio legislativo para destravar os orçamentos das instituições.
O fechamento de cursos ou diminuição do número de vagas ainda é descartado pela universidade. Arimatéia acredita que, por não se tratar de um corte, o governo federal possa voltar atrás. “Acreditamos que, como se trata de um bloqueio, possa haver uma reversão”, pontua.
Se não houver reversão da medida e a tendência de manutenção de orçamento persistir diante do aumento dos custos, o reitor diz que a saída é buscar alternativas. “É preciso que as universidades busquem recursos extra-orçamentários”, afirma.
A alteração da legislação para que a universidade possa investir mais recursos captados fora do orçamento público é apontada como uma das soluções.
Cidade Verde