Uma nova espécie de dinossauro brasileiro, descoberto em Santa Maria, foi apresentado por um grupo de pesquisadores no periódico Journal of Vertebrate Paleontology. O animal é um carnívoro adolescente, que media entre 1 metro e 1,5 metro, e pode ser o terópode, linhagem de dinossauros bípedes a qual pertencem os tiranossauros, mais antigo a viver no Brasil.
O animal ganhou o nome de Nhandumirim waldsangae, que vem da combinação de nhandu, ema em Tupi-Guarani, e mirim, pequeno em Tupi-Guarani, em referência ao tamanho e à semelhança do dinossauro com animais como a ema e o avestruz.
Estudiosos estimam que ele tenha vivido há 233 milhões de anos, no sítio paleontológico Sanga da Alemoa, onde hoje está localizado o município de Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul. É neste local que foi encontrado um dos dinossauros mais antigos do mundo, o estauricossauro.
Os fósseis do dinossauro foram encontrados em 2012 por equipe da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Da pesquisa, participaram especialistas de Ribeirão Preto, Minas Gerais, Pernambuco e Birmingham, do Reino Unido, além de Átila da Rosa, pesquisador de Santa Maria.
Por ser um animal juvenil, conforme a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), não é possível ter certeza do tamanho da espécie quando adulta. Dos traços anatômicos, os mais marcantes estão na região do tornozelo, que indicam a relação com outros terópodes, como o Coelophysis, dos Estados Unidos, e o Zupaysaurus, da Argentina. Para os pesquisadores, o Nhandumirim possivelmente é o membro mais antigo dessa linhagem de dinossauros carnívoros que viveu no Brasil.
Importância do sítio paleontológico
Segundo o professor e pesquisador Átila da Rosa, a descoberta mostra a importância do sítio paleontológico em que o Nhandumirim waldsangae foi encontrado. “É onde aparece muitas espécies, rincossauros, cinodontes, arcossauros, animais répteis que teriam dados origem aos dinos e os próprios dinossauros”, diz.
Ele destaca que são encontrados no RS linhagens muito antigas, e que indicam que o surgimento desses animais foi mais rápido do que se acreditava até então. “Isso ajuda a entender que o surgimento [das espécies] se deu de forma rápida, em tempos geológicos, cerca de 3 milhões de anos e não em 10, 15 milhões de anos, como se acreditava”, diz.
Além disso, a descoberta e o destaque da pesquisa em uma revista de prestígio mostra a importância do incentivo a esse tipo de estudo. “Se não tivesse prospecção, continuidade da pesquisa nos sítios, bolsa para os alunos irem a campo e procurar esse material, não teríamos esse resultado”, analisa.
Novas espécies em 2018
No ano passado, pelo menos duas novas espécies encontradas no Rio Grande do Sul foram anunciadas por pesquisadores. Em novembro, o dinossauro de pescoço longo mais antigo do mundo foi descoberto em Agudo, também na Região Central do estado.
O animal, que recebeu o nome de Macrocollum itaquii, foi descrito a partir de três esqueletos fossilizados escavados em rochas triássicas, com 225 milhões de anos. Os esqueletos foram coletados no início de 2013 e o estudo foi publicado recentemente na revista acadêmica britânica Biology Letters.
E em maio, o fóssil de um réptil que viveu há 230 milhões de anos foi encontrado em Candelária.
G1