O diretor-adjunto da Comissão Nacional de Saúde da China, Zeng Yixin, anunciou ontem (29) que “punirá” firmemente os responsáveis por um caso que “viola leis e regulações” do país, assim como “princípios éticos”, em referência aos embriões humanos supostamente modificados geneticamente pelo cientista chinês He Jiankui.

O vice-ministro de Ciência e Tecnologia chinês, Xu Nanping, acrescentou que o governo combaterá as experiências e confirmou a suspensão das pesquisas conduzidas pelo cientista chinês que modificou os genes de gêmeas futura infecção ao vírus HIV. “É contra a lei e contra a ética. É inaceitável”, afirmou.

Em entrevista à Televisão Central da China (“CCTV”), Zeng Yixin afirmou que os departamentos e os governos locais “estão investigando o caso e que punirão firmemente os infratores”. O vice-ministro complementou que: “Com o rápido desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a pesquisa e a aplicação científica devem ser mais responsáveis e devem acompanhar normas éticas e técnicas”.

Huai Jinpeng, secretário do partido da Associação Chinesa de Ciência e Tecnologia, também disse hoje à CCTV que se opõe ao experimento e disse que o órgão dará “todo apoio” às investigações das autoridades.

O pesquisador Wang Haoyi, da Academia de Ciências da China, condenou o experimento em entrevista à emissora estatal e afirmou que o caso alterou “gravemente” as bases da pesquisa científica e prejudicou a reputação da China nesta área.

“Ele não nos representa. Nem o chamaria de cientista. É uma pessoa impiedosa que sabe muito pouco de ciência e que fez um experimento muito irresponsável em um ser humano”, disse Wang.

Experiências

O cientista He Jiankui afirmou há três dias ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados do mundo. Em discurso no Congresso Internacional de Edição de Genomas Humanos, na Universidade de Hong Kong, ele disse estar “orgulhoso” pelo uso da técnica de edição genética CRISPR/Cas9 em duas gêmeas e destacou que o estudo não tinha o objetivo de eliminar doenças genéticas, mas de “dar às meninas a habilidade natural” para resistir a uma possível futura infecção ao vírus HIV.

No dia 26, a direção da Universidade de Shenzhen, onde He Jiankui trabalhou, anunciou que a abertura de investigação e classificou o episódio como “grave violação da ética e dos padrões acadêmicos”.

O comando da revista científica Nature se uniu ao debate e sustentou que o anúncio provocou “indignação” da comunidade científica internacional e que, se for verdade, representará “um salto significativo – e controverso – no uso da edição do genoma humano”.

Agência Brasil