O julgamento do mototaxista Edilson Virgulino Neto foi adiado após a família esperar por mais de 14 anos pelo julgamento que deveria acontecer nesta terça-feira (06). O réu Francisco Manoel da Silva deveria ir a júri popular hoje (06), na 5ª Vara da Comarca de Picos (PI). Ele é acusado de ter assassinado Edilson em maio de 2004.
Vestidos com uma camiseta que estampava a foto de Edilson e com frases que pediam justiça, os familiares do mototaxista foram surpreendidos com a notícia de que não haveria julgamento. A viúva da vítima, Eva Regina, falou com a nossa equipe sobre o sentimento de impunidade que toma conta dos familiares, ela disse ainda que não foi dada nenhuma explicação para a família e nem para o advogado de acusação.
“Hoje era para ser o julgamento, nós estávamos ansiosos, porque pensávamos que finalmente hoje a gente ia saber a condenação do réu, mas a gente chega aqui e fica todo mundo desinformado, não sabe por que foi adiado o julgamento e a gente fica chateado e revoltado, porque isso é uma coisa séria, não é justo, há 14 anos e seis meses que a pessoa cometeu um crime bárbaro desses, que a gente vem lutando e pelejando que ele vá para o julgamento e não é justo, quando finalmente chega o dia nos informam que só vai haver em dezembro. Eu acho que a justiça, o Ministério Público, deveriam ter um pouco mais de consideração pelas pessoas e ver pelo que a gente está passando”, desabafou a viúva.
Eva Regina conta ainda que após a morte do seu esposo, teve que deixar a cidade em que morava com seu filho, na época com três anos, por causa do trauma causado na criança, ela fala que a dor permanece até hoje e que reconhece que a prisão do acusado não traria seu esposo de volta, mas deixaria um sentimento de paz para os familiares.
“Eu espero que a justiça tome providências, que ela marque esse julgamento o mais rápido possível, que ela não veja só o lado do acusado, que veja o lado da família da vítima que quer justiça, que a gente não dorme direito, não descansa enquanto não ver o acusado pagando pelo que ele fez […]. Eu espero justiça, a gente não vai descansar, não vai deixar em paz, a gente vai lutar para que a justiça aja o mais rápido possível. Eu peço que o Ministério Público faça esse julgamento e que ele receba a pena, porque sabemos que não vai trazer ele de volta, não vai deixar a gente feliz, mas saber que ele está preso, a gente vai ficar um pouco mais tranquilo”, expressou.
A nossa equipe procurou o Ministério Público para apurar as razões do adiamento do júri popular e fomos informados que não havia um promotor disponível para julgar o caso e por essa razão o prazo foi estendido até o mês de dezembro.
CONFIRA A ENTREVISTA COM EVA REGINA-