Os governadores dos nove estados do Nordeste encaminharam ao presidente Michel Temer (PMDB), uma carta pedindo que ele reoriente seus auxiliares e ameaçam processar o ministro da Articulação Política, Carlos Marun. A carta é uma resposta a afirmação de Marun, de que o Governo Federal pode condicionar a liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal ao apoio dos governadores a reforma da Previdência.
O Piauí pretende receber ano que vem, cerca de R$ 650 milhões em financiamento junto à Caixa Econômica Federal. O governador Wellington Dias (PT) já autorizou a Procuradoria Geral do Estado a ingressar com ação na Justiça, reivindicando a liberação de R$ 300 milhões de empréstimo já autorizado, mas que enfrenta resistência para liberação. “A gente lamenta essa atitude do Governo Federal de condicionar a liberação dos recursos ao atendimento dos interesses políticos deles. Não vamos compactuar com isso porque o Piauí atendeu todos os requisitos legais para a operação de crédito”, disparou Wellington.
No texto, os governadores afirmam que não hesitarão em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça do ministro se confirme. “Vivemos em uma Federação, cláusula pétrea da Constituição, não se admitindo atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos, algo possível somente na vigência de ditaduras cruéis. Esperamos que o presidente Michel Temer reoriente os seus auxiliares, a fim de coibir práticas inconstitucionais e criminosas”, diz trecho da nota.
Dos nove governadores do Nordeste, seis são de partidos da oposição. Já entre os outros três, estão dois do PMDB, Jackson Barreto de Sergipe e Renan Filho de Alagoas, ilho do senador Renan Calheiros, crítico do governo Temer e da Reforma da Previdência. O outro governador nordestino de partido aliado a Temer é Robinson Faria, do Rio Grande do Norte.
O Governo Federal faz esforço para aprovar a Reforma da Previdência em fevereiro, mas encontra muitas resistências de parlamentares, principalmente do Nordeste. A fala de Carlos Marun foi dita quando ele saía de reunião com o presidente da República, Michel Temer, para tratar sobre votos para aprovar a reforma. Marun ficou conhecido após liderar a tropa de choque do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
O Dia