O Piauí já registrou 667 denúncias de violência contra crianças e adolescentes somente nos cinco primeiros meses deste ano. De acordo com os dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, também foram registrados 3.136 casos de violação de direitos humanos contra esse público durante o mesmo período de 2022.
Em 2021, ainda de acordo com o levantamento do Ministério, o Piauí registrou 1.302 denúncias e 4.994 violações de direitos humanos contra crianças e adolescentes.
Hoje, dia Mundial Contra a Agressão Infantil, o portal Cidadeverde.com conversou com a psicóloga Luana Victória para explicar os efeitos das agressões no desenvolvimento da criança e do adolescente.
Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com
De acordo com a profissional, essas agressões podem causar diversos transtornos como ansiedade e depressão, além de atrapalhar no processo de aprendizagem. Os efeitos são a curto, médio e longo prazo.
“Os efeitos são catastróficos e são a curto, médio e longo prazo. Tantos os efeitos da violência física, mas principalmente os efeitos da violência psicológica. Ela pode apresentar problemas na questão da aprendizagem. Tem um impacto muito grande nas habilidades emocionais porque essa criança passa a conviver com a violência e ela acha que aquilo é certo e a tendência é repetir aquele comportamento. São crianças também que a longo prazo tem uma tendência a desenvolver alguns tipos de transtornos, principalmente ansiedade, depressão, automutilação, ideação suicida e até mesmo suicídio, déficit de atenção ou hiperatividade, então são danos que são de certa forma até irreparáveis”, explica Luana.
Segundo Luana Victória, manter sempre conversas e diálogos com as crianças e com os adolescentes são fundamentais para identificar se algo de errado está acontecendo.
“O diálogo entre os pais, entre as pessoas próximas, com essa criança, para investigar, saber como foi o dia, como foi a permanência, por exemplo com a cuidadora, com a babá, como foi na escola, nesse diálogo de brincadeira, bem lúdico para cativar essa criança e que essa criança entenda que ela possa se sentir segura”, destaca a psicóloga.
A psicóloga também exemplifica alguns sinais que esse público pode transparecer quando estão sofrendo algum tipo de agressão ou abuso.
“É importante também observar o corpo da criança, observar o comportamento da criança, aquela criança muito extrovertida e do nada vira uma criança introvertida, ou aquela criança introvertida e do nada vira uma criança muito extrovertida. A criança ela passa a querer evitar o local onde ela foi agredida, querer evitar a pessoa que agride ela. Então essa é a maneira que a criança encontra de chamar a atenção dos pais para algo que não está correto”, acrescenta.
Quando esses menores são vítimas de agressão, Luana Victória explica que é bastante importante ter um acompanhamento psicológico, além do trabalho da família e da escola para ajudar a lidar com os comportamentos negativos.
“Então tem que desenvolver nessa criança mais habilidades de amor, de carinho, de afeto, de atenção e ensinar ela, educar ela, a como lidar com a emoções dela de maneira positiva. Então a família tem esse papel fundamental de fazer isso, mas se ela também não souber lidar é importante buscar ajuda de algum acompanhamento psicológico. É importante também citar o ambiente escolar, até para escolar entender algum comportamento daquela criança e ajudar nesse processo”, informa a profissional.
Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar também é um órgão muito importante nas fiscalizações de violências contra crianças e adolescentes e na aplicação de medidas de proteção. A Conselheira Tutelar Renata Bezerra contou ao Cidadeverde.com que uma das principais denúncias que o órgão recebe é de alienação parental, quando o pai ou a mãe toma atitudes para colocar o filho contra o outro genitor.
“A gente diariamente recebe denúncias com a questão dos maus-tratos, principalmente quando há separação do casal, denúncias de maus-tratos tanto por parte da mãe, quanto por parte do pai. Há muito essa questão de briga do casal, inserindo a criança, e a gente sabe que isso é alienação parental”, diz.
Segundo a conselheira, após receber a denúncia, o Conselho Tutelar segue acompanhando a família e fazendo orientações. Quando não há condições da criança ou do adolescente permanecer na sua casa, o órgão encaminha para outro lugar.
“A gente vai no local, conversa com o pais, a gente pede que os pais vão há 1ª vara para pedirem a guarda, e a gente fica acompanhando o caso, vai na residência ver como a criança está, pede relatório para a escola. Quando a gente ver que não é possível a criança ficar naquela casa, é que a gente tira, intervém”, ressalta Renata Bezerra.
Sede da DPCA, zona Sul de Teresina
Como denunciar
Em Teresina, as denúncias de agressões contra crinaças e adolescentes podem ser feitas na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), além dos Conselhos Tutelares e centros de Assistência Social. Confira as informações abaixo:
- Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA)
Funcionamento: Segunda-feira à sexta-feira, das 08:00h às 18:00h
Endereço: Rua Otto Tito, s/n, Bairro Redenção, Teresina – Piauí.
- Conselhos Tutelares
Região Centro/Norte: (86) 3215-9313. Plantonista: (86) 99490-7886
Região Sudeste: (86) 3215-9360. Plantonista: (86) 99460-3138
Região Sul: (86) 3227-6714. Plantonista: (86) 99454-2102
Região Leste: (86) 3233-8841. Plantonista: (86) 99470-0654
- Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)
Região Norte – Bairro Aeroporto. Telefone: (86) 3213-6144
Região Sudeste – Bairro São João. Telefone: (86) 3237-4115
Região Sul – Bairro Vermelha. Telefone: (86) 3223-0712
Região Leste – Bairro de Fátima. Telefone: (86) 3215-9330 Telefone: (86) 3216-2676
Rebeca Lima
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