De acordo com dados da Rede de Observatórios da Segurança, o Piauí registrou 53 casos de violência contra crianças e adolescentes. Deste número, 21 correspondem a casos de abuso sexual e estupro. O levantamento leva em consideração os meses de agosto de 2021 a janeiro de 2022.

No entanto, os números refletem o momento presente. O suposto estupro realizado por um professor de matemática, que teria aliciado um menino de 9 anos na Escola Municipal Monteiro Lobato, na região da Vila Palitolândia, zona Sul de Teresina, ganhou o noticiário na última segunda-feira (25). As aulas foram suspensas e o professor foi afastado das funções.

Violência sexual

No mesmo dia, em Beneditinos, uma menina de 14 anos foi sequestrada e depois largada seis horas depois, sem lembrar de nada.  O caso também está em investigação sobre uma suposta violência sexual.

A verdade é que, de acordo com especialistas, a maior parte dos abusos vêm da própria família ou de alguém muito próximo, como um vizinho ou amigo da família. Em outubro do ano passado, ganhou o noticiário o caso do estudante de medicina, Marcos Vitor Aguiar Dantas Pereira, de 22 anos. Acusado de estuprar quatro crianças, entre as vítimas estariam as próprias irmãs de 3 e 9 anos e mais dois parentes. Ele permanece foragido.

Casos que chocam

Situações que se multiplicam pelo país e o mundo. Foi o caso de R. A. S., hoje com 34 anos. Ela foi abusada por tios durante a década de 80.

“Eu fui abusada por tios e não entendi o que aquilo significava. Para mim era normal. E acho que minha própria família achava normal. Senti os efeitos na adolescência e me tornei frígida. Foram anos de terapia, mas meu bloqueio é tanto que nunca consegui ter um namorado”, conta.

J. P. A., de 32 anos, conta que foi abusado pelo padrasto. “Minha mãe descobriu e ficou com ciúme de mim, como se eu tivesse culpa. Depois de dois anos do abuso, ela se separou dele, mas nunca mais tocou no assunto. Ele me obrigava a fazer sexo oral nele quando minha mãe saía para o trabalho. Aconteceu umas quatro vezes”, revela.

Atenção aos sinais que eles dão

A psicóloga clínica Antônia Francisca Lima, especialista em psicologia jurídica, tem expertise no atendimento de crianças que foram vítimas de abuso sexual. A realidade do consultório mostra que o perfil das vítimas é o mesmo: crianças na fase da pré-adolescência que terminam sendo vilipendiadas pelos próprios parentes.

Antônia afirma que é necessário estar atento a alguns sinais que as crianças deixam transparecer, mesmo quando elas não têm noção que sofreram algum tipo de abuso.

Meio Norte