Aconteceu, durante toda esta quinta-feira (10), o júri popular de Wagner Bezerra Lima, acusado de assassinar com quatro disparos de arma de fogo o policial Cabo Daniel Marcos Ferreira da Silva, 48 anos, no dia 11 de março de 2017, no município de Paquetá do Piauí.
Wagner Bezerra foi condenado a 30 anos, 1 mês e 15 dias de reclusão, além de 50 dias-multa (cada dia equivale a 1/30 do salário vigente à época do crime). Ele responderá em regime, inicialmente, fechado, podendo responder em semiaberto com 1/3 da pena cumprida.
Portanto, como o réu condenado já está preso há cerca de 5 anos, ele ainda deve cumprir a pena em regime fechado pelos próximos seis anos.
A pena total de Wagner Bezerra corresponde a três crimes: homicídio qualificado (emboscada, mediante recurso que dificultou defesa da vítima e para ocultar outro crime), furto e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (calibre .40, que pertencia à vítima, e uma .32, que estava com ele no momento em que foi preso pelo Cabo Daniel).
A esposa do Cabo Daniel, dona Migueliza, bastante emocionada, declarou que, mesmo não trazendo seu marido de volta, o júri serve para que a família encerre um ciclo que tem maltratado a todos os membros a cada adiamento.
Esse processo foi muito difícil. Esse júri foi adiado por duas vezes e cada vez que a gente passa por isso é como se estivéssemos passando por tudo de novo, como se estivesse acontecendo naquele dia. Mas fiquei satisfeita. Essa condenação é muito pouco para uma vida. A gente sabe que trazer meu esposo de volta, não vai. Mas este é um clico que precisávamos fechar. A gente sabe que ele não vai voltar com esse resultado, mas, a partir de hoje, entrego nas mãos de Deus”, disse a esposa em lágrimas.
O advogado de acusação, Pedro Marinho, disse que a família está um tanto aliviada por ver a justiça sendo feita. Ele ainda frisou a importância do júri ter entendido todas as teses de acusação, o que culminou na pena total do réu.
“A família sempre quer mais, mas, dentro da razoabilidade, foi uma pena adequada, dentro dos limites da lei. Conseguimos emplacar todas as teses da acusação. Os jurados entenderam e acolheram. No geral, o sentimento da família é de satisfação, pois se encerra um capítulo. Estamos satisfeitos por termos um mínimo de alívio, de resposta da Justiça”, declarou o advogado.
Já o advogado de defesa do réu, pertencente à Defensoria Pública, não quis se pronunciar à imprensa presente no julgamento. Ele sinalizou apenas que conversará com o homicida para decidir se recorre da decisão do júri ou não.
Relembre o crime
À época do homicídio, o picoense Wagner estava supostamente foragido de inimigos em Picos, quando tentou refúgio em Paquetá. Lá, armado, realizou o crime de furto, quando foi, então, preso pelo Cabo Daniel, que estava de plantão no Grupamento de Polícia Militar daquela cidade.
Em um momento de distração, o assassino pegou a arma da vítima e efetuou os disparos que lhe tiraram a vida. Wagner ainda tentou fugir, mas foi capturado por policiais militares em um matagal durante o final da tarde do mesmo dia.
O crime chocou a população de Paquetá e de Picos, de onde ele era natural, por ser alguém querido do povo e reconhecido por seus serviços prestados à segurança pública do Piauí. Desde então a família clama por justiça e para que houvesse o júri popular. Este foi adiado por duas vezes, sendo executado apenas nesta quinta-feira (10), quase cinco anos após o crime.
Sobre o réu
Ele já foi condenado uma vez por roubo majorado e possui outros dois processos em andamento, um por roubo e outro por porte ilegal de arma de fogo.
Fonte: Cidades em Foco