A ocupação de UTIs (unidades de terapia intensiva) para casos de Covid está acima do patamar de 80% no Pauí, em mais sete estados e no Distrito Federal, segundo levantamento realizado pela Folha de São Paulo.
Rondônia, com 92% de seus leitos intensivos ocupados, tem a situação mais preocupante do país, seguido de Mato Grosso do Sul, com 90%, e Pernambuco e Piauí (88% ambos).
No Piauí, a taxa de ocupação permanece alta mesmo com a abertura de alguns leitos na última semana: 88% das 136 vagas públicas de terapia intensiva seguem com pacientes. Na capital Teresina a situação é um pouco melhor, mas parecida, com 83% dos 120 leitos ocupados.
Ocupação de leitos covid
A alta em Rondônia, que mantinha 79% na última semana, ocorreu mesmo com o aumento da oferta de leitos, que passaram de 54 para 65 no período.
A maior parte dos leitos foi aberta em Porto Velho. Três hospitais da capital estão com 100% de ocupação dos leitos adultos reservados para Covid-19.
Em relação a leitos de UTI pediátricos, duas das quatro vagas estão ocupadas, uma na capital e uma em Cacoal, município localizado 480 quilômetros ao sul de Porto Velho.
A alta nas internações em Rondônia ocorre exatamente no período de volta às aulas. Os estudantes retomam a frequência nas escolas no estado a partir desta quarta-feira (9).
A Secretaria da Educação de Porto Velho afirma ter trabalhado para que os alunos retornem com segurança aos estabelecimentos de ensino.
“À medida que os alunos voltarem às aulas, intensificaremos o distanciamento indicado. Nesse primeiro momento, não será exigido a vacina, mas no decorrer do ano conversaremos com os pais”, afirma a secretária Gláucia Negreiros.
Nas escolas da capital será obrigatório o uso de máscaras para estudantes acima de três anos e para funcionários das escolas.
Há ainda recomendação para que as aulas e atividades, quando possível, sejam realizadas ao ar livre. Nas salas de aula, a orientação é manter os ambientes ventilados, com portas e janelas abertas.
Em Mato Grosso do Sul, 90% dos 200 leitos de UTI para Covid estão ocupados. Embora esteja em um patamar elevado, o índice é inferior ao registrado na semana passada, quando a taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva estava em 103%. A queda no percentual possivelmente é um reflexo da criação de 44 novos leitos.
Nesta segunda-feira (7), a média móvel era de 2.830 casos, valor também inferior ao da semana passada, quando a média era de 3.197 casos por dia. Nesta terça (8), o estado chegou à marca de 10 mil mortos em razão da doença.
“Este registro mostra que a pandemia do coronavírus ainda não acabou, sendo necessário que o cidadão possa concluir seu ciclo vacinal, para estar mais protegido contra o vírus”, afirmou o governo do estado. Atualmente, 74% da população de Mato Grosso do Sul completou o esquema vacinal.
Pernambuco tem 88% de ocupação nos 1.045 disponíveis na rede estadual. O estado passa por aceleração na contaminação, impulsionada pela variante ômicron do coronavírus.
Ao todo, foram 890 registros de pessoas com problemas respiratórios graves entre 31 de janeiro e 5 de fevereiro, o que representa um aumento de 6% na comparação com a semana anterior. As solicitações de leitos de UTI permanecem em um patamar de mais de 650 pedidos por semana.
São mais de 900 pacientes internados nas vagas de terapia intensiva –mesmo patamar de julho do ano passado e 11% a mais do que 15 dias atrás. A aceleração ainda tem reflexo nos óbitos, com 59 registros de mortes pela Covid-19 na semana passada, um aumento de 157% em duas semanas.
Por causa disso, o governo cancelou o ponto facultativo durante o Carnaval e reduziu a capacidade de festas para até 500 pessoas em espaços abertos e 300 pessoas em locais fechados, com exigência de teste negativo e passaporte vacinal, até 24 de fevereiro.
Já entre 25 de fevereiro e 1º de março, período carnavalesco, todas as festas estão proibidas, sejam públicas ou privadas. O objetivo, de acordo com o governo, é evitar aglomerações no período tradicional festivo.
O Ceará registra uma taxa de ocupação de 81% nos 367 leitos de UTI para tratamento de Covid. Na capital, Fortaleza, 82% das 201 vagas nas unidades de terapia intensiva estão ocupadas, de acordo com informações da Secretaria da Saúde.
Com mais de 28 mil casos ativos –2.296 nas últimas 24 horas–, a Bahia recebeu mais 16 vagas de UTI para a doença, número que passou de 594 para 610 leitos, no período. Nesse intervalo, a taxa de ocupação caiu um ponto percentual, de 72% para 71%, segundo a Secretaria de Saúde da Bahia.
No Rio Grande do Norte, dos 157 leitos de UTI disponíveis na rede pública estadual, 133 estavam ocupados no início desta semana (20 com casos não confirmados), uma taxa de ocupação de 84,7%.
O painel do estado apontava ainda outros sete leitos bloqueados. Entre as 13 UTIs pediátricas, 8 estavam com pacientes.
Em São Paulo, nesta segunda-feira (7), 3.859 dos 5.605 leitos de UTI disponibilizados pelo estado estavam ocupados com casos confirmados ou suspeitos de Covid-19, o equivalente a 68,85%.
Comparado ao número de sete dias atrás, a taxa de ocupação estava maior, 73,24%. Na ocasião, 4.084 dos 5.576 leitos permaneciam ocupados.
Para a Secretaria Estadual da Saúde, os dados apontam casos mais leves nos leitos de internação, resultado da boa cobertura vacinal no estado.
No interior paulista, Marília é o DRS (Departamento Regional de Saúde) com a maior taxa de ocupação para Covid-19, 88,5%.
Na opinião de Wallace Casaca, coordenador da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada por pesquisadores da USP e da Unesp com apoio da Fapesp para acompanhar a evolução da pandemia, essa queda na taxa de ocupação no estado significa que a pandemia está desacelerando, porém, há regiões com índices de ocupação hospitalar muito críticos, sobretudo no interior.
Além de Marília, é o caso dos DRS de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, por exemplo. Nestes locais, a taxa de UTI está acima de 80%.
A média móvel de novas internações no estado de São Paulo reduziu de 1.480 no dia 31 de janeiro para 1.201 em 7 de fevereiro.
Na mesma data, a capital paulista registrou 62% de ocupação dos leitos de UTI públicos, ou seja, 573 pacientes estavam internados. Em 31 de janeiro, o índice era de 72%.
No Rio de Janeiro, os números da Covid vêm arrefecendo. Há duas semanas, a ocupação de UTIs públicas segue uma tendência de estabilização no estado (estava em 59% nesta terça) e de queda na capital (69% nesta segunda), conforme os últimos dados disponíveis.
O total de casos confirmados, número de testes realizados, a taxa de positividade dos exames e a ocupação de enfermarias também diminuíram gradativamente nesse período.
Fonte: Folhapress