A lavradora Rosana Alves da Silva, de 29 anos, foi absolvida da acusação de homicídio qualificado contra o ex-companheiro, Aglaísio Gomes da Silva, de 23 anos. O crime ocorreu no dia 19 de julho de 2020, na cidade de Miguel Alves.

A maioria do corpo de jurados entendeu que Rosana agiu em legítima defesa e não teve a intenção de causar a morte de Aglaísio.

O crime

O crime aconteceu em um bar localizado no bairro Angelim, por volta das 19h. Aglaísio estava com amigos no local quando Rosana chegou ao local. Durante uma discussão entre os dois, ela atingiu o companheiro com um golpe de faca na altura do pescoço. O rapaz morreu no local.

Logo depois, um grupo de pessoas foi até a casa onde os dois moravam e a incendiaram. Os próprios vizinhos de Rosana apagaram o fogo.

Rosana foi presa em flagrante no dia seguinte ao crime. O advogado de Rosana, Natan Esio Resende, contou ao G1 que espera que o alvará de soltura para a lavradora seja expedido ainda nesta quarta-feira (1º).

Legítima defesa

De acordo com o advogado Natan Esio, Rosana e Aglaísio viviam um relacionamento conturbado. Familiares e amigos de Rosana afirmaram em depoimento, durante o processo, que ela já havia sido agredida pelo ex-companheiros em outras situações. Nehuma das agressões chegou a ser denunciada formalmente à Polícia Civil.

Ainda segundo o advogado, horas antes do crime os dois haviam discutido em casa. Ao final da discussão, Aglaísio tomou o celular de Rosana à força e foi com ele para o bar onde aconteceu o crime. Rosana teria seguido Aglaísio para reaver o telefone.

“A promotoria usou esse fato para argumentar que o crime teria sido um homicídio por motivo fútil, apenas para recuperar o celular. Mas nós defendemos que ela usou a faca para se defender, se desvencilhar dele. O que aconteceu foi uma tragédia”, disse o advogado Natan Esio.

Um laudo cadavérico produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) constatou que Aglaísio sofreu um único corte na região do pescoço, com três centímetros de extensão.

Para a defesa, Rosana não teria condições de acertar o ponto exato do corte de forma proposital. “O golpe atingiu um ponto vital, mas por azar, e não por perícia da parte dela. Seria impossível ela acertar aquele ponto exato intencionalmente naquela situação”, disse o advogado.

Ainda segundo o advogado, o fato de Aglaísio ter tomado o celular de Rosana à força, antes do crime, configura violência patrimonial contra ela.

“A intenção dele de ficar com o celular mostra que ele queria como que ter a posse da pessoa dela. Pelo que vemos de outros casos, acreditamos que Rosana era uma pretensa candidata a ser vítima de feminicídio”, comentou.

G1 PI