Mais do que um ato de solidariedade, a doação de órgãos representa um sinal de esperança para tantas pessoas que se encontram em graves, e por vezes extrema, situações clínicas. Nos últimos anos, a doação de órgãos tem crescido no brasil. em 2016, o país registrou o maior número de doadores efetivos da história: foram 2.983 doadores. Além disso, registrou-se crescimento de 103% no número de potenciais doadores entre 2010 e 2016, passando de 4.997 para 10.158.

A lista de espera por um doador no Piauí conta com 713 pacientes, destes 322 esperam por um rim, sendo 75 (ativos) e 247 (inativos), ou seja, pacientes que aguardam algum exame para serem ativados no sistema nacional de transplantes, e 395 aguardam doações de córneas. Desse total, 22 são crianças, onde 17 esperam por um córnea e 5 por um transplante de rim.

Mas com relação aos outros órgãos, a médica nefrologista e coordenadora da central de transplantes, Lourdes Veras, explica que os outros órgãos, como fígado, coração e tecido, são encaminhados para outros estados, através do tratamento fora do domicílio.

“Ainda existe muita desinformação sobre o assunto. A doação de órgão é extremamente importante. Porque sem a participação da população, nós não temos como ter transplantes. Então é extremamente importante discutirmos e abordamos o tema”, declara a médica.

De janeiro a junho deste ano já foram realizados 19 transplantes de rim e 84 de córneas no estado. A taxa de doações do primeiro semestre foi de 2017, sendo de 4,4% para cada milhão de habitantes. Comparado com o mesmo período de 2016, o crescimento foi de 111,3%.

Recusa familiar x doação de órgãos

Não é a falta de estrutura, mas a negativa familiar o principal motivo para que um órgão não seja doado no Brasil. De todas as mortes encefálicas e que, portanto, os órgãos poderiam ser transferidos para pacientes que correm risco de morte, pouco mais da metade se transforma em doação. O número é alto e cresceu de 41%, em 2012, para 47% em 2013, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

“Atualmente no Brasil, somente os familiares podem autorizar a doação de órgãos. Então é a família que na hora vai tomar essa decisão. E reconhecemos que é uma decisão muito difícil. Então é extremamente importante para quem é adepto a doação de órgãos, que comunique isso a sua família”, esclarece a médica.

Morte encefálica

O Brasil segue todos os critérios internacionais para conceituar e determinar a morte encefálica. No entanto, boa parte da população, não sabe a relação entre coma e a morte encefálica. “O diagnóstico de morte encefálica é preciso. Geralmente, o paciente que chega a esse estado, onde constatamos por exames e provamos por imagens, que no cérebro não existe nenhuma circulação sanguínea. São três exames que são feitos e por três médicos diferentes. Isso mostra que o paciente não tem mais nenhuma atividade metabólica e mais nenhuma atividade elétrica”, explica a médica.

Setembro Verde

Este mês, a central de transplantes do Piauí lançou mais uma edição do “Setembro Verde”, que pretende conscientizar as pessoas sobre a importância da doação. E na próxima quarta-feira, 27, é celebrado o Dia Nacional do Doador de Órgãos. Em relação à data, a médica ressalta a campanha.

“A cor verde simboliza a esperança de quem espera por um órgão na fila de hospitais e clínicas. A campanha representa o esforço de várias órgãos e profissionais, mas quem é o fundamental para desencadear tudo isso é a família. Nessa fora, a família tem que dizer o ‘sim’ para a doação de órgãos”, finaliza.

Portal AZ