A Petrobras anunciou nesta sexta (30) reduções de 2,1% no preço do diesel e 1,9% no preço da gasolina, os primeiros reajustes promovidos sob a gestão do general Joaquim Silva e Luna, que tomou posse na companhia no dia 19 de abril.
Os cortes são anunciados na véspera do fim da isenção de impostos federais sobre o óleo diesel, que termina neste sábado (1), com potencial para elevar o preço de bomba em R$ 0,35 por litro. Apesar da pressão de caminhoneiros, o governo ainda não informou se manterá o desconto.
A partir deste sábado, segundo a Petrobras, o preço médio do diesel em suas refinarias cairá para R$ 2,71, R$ 0,06 a menos do que o vigente hoje. Já a gasolina cairá R$ 0,05, para R$ 2,59 por litro.
Os cortes ocorrem 15 dias depois das últimas mudanças de preços promovidas pela estatal – aumentos de 1,9% na gasolina e 3,7% no diesel – ainda na gestão Roberto Castello Branco, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em meio à escalada de preços do início do ano.
Em comunicado que acompanha os anúncios de reajustes, a empresa reforça que os preços que pratica “buscam equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”.
“Os reajustes são realizados a qualquer tempo, sem periodicidade definida, de acordo com as condições de mercado e da análise do ambiente externo. Isso possibilita a companhia competir de maneira mais eficiente e flexível e evita o repasse imediato da volatilidade externa para os preços internos”, diz.
A estatal destaca ainda que os preços são livres e os repasses dependem de outros elos da cadeia. “Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biodiesel e etanol anidro, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores.”
Preocupado com a insatisfação dos caminheiros com os reajustes do início do ano, Bolsonaro anunciou em fevereiro a demissão de Castello Branco e um período de isenção temporária de PIS/Cofins sobre o óleo diesel.
A medida não foi suficiente para conter a pressão e acabou sendo engolida por reajustes nas refinarias, elevações na carga tributária estadual e no preço do biodiesel e serviu mais para segurar a escalada do que para reduzir os preços cobrados nos postos.
Entre a última semana de fevereiro e a semana passada, o preço médio do combustível subiu 0,5%, para R$ 4,204. Ele já esteve mais alto nesse período, chegando a bater R$ 4,274 na semana encerrada em 20 de março, mas começou a cair nas últimas semanas acompanhando cortes nas refinarias da Petrobras.
O fim da isenção é motivo de protestos entre caminhoneiros. Para tentar acalmar a categoria, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, promoveu na semana passada encontro entre as lideranças dos motoristas e representantes da Faria Lima.
O objetivo foi aproximar a categoria do mercado financeiro, para tentar mostrar que há demandas convergentes entre os dois lados e diminuir a insegurança que existe entre investidores pelas ameaças de greve no setor.
Para a Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), o período de isenção de impostos “não foi suficiente para minimizar os prejuízos arcados pelos caminhoneiros de todo o país com os consecutivos aumentos [do início do ano]”.
Na noite de quinta (29), a entidade divulgou nota informando que foi ao Ministério da Economia pedir a prorrogação da isenção. Como contrapartida, sugere a retirada de incentivos fiscais à produção de bebidas na Zona Franca de Manaus.
“Ou seja, o Governo Federal poderia manter o benefício para os caminhoneiros do país inteiro, além de efetuarmos a justiça social, onde teremos cidadãos como prioridade em detrimento de três grandes empresas (Coca-Cola, AMBEV e Heineken)”, disse a Abrava.
Folhapress