A Fiocruz publicou nesta terça-feira um boletim especial alertando que, pela primeira vez do início da pandemia, o país inteiro apresenta piora de indicadores da Covid-19. Entre os aspectos analisados, estão o crescimento do número de casos e de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de síndrome aguda respiratória grave (SRAG), a alta positividade de testes e a sobrecarga dos hospitais. Até então, a doença se apresentava em estágios diferentes nos estados.
Segundo a análise, o cenário alarmante representa apenas “a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão no país”. No momento, 19 unidades da federação apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80%. Por isso, eles defendem a necessidade de “adoção ampla de medidas não-farmacológicas”. Entre elas, estão:
Manutenção de todas as medidas preventivas (distanciamento físico, uso de máscaras e higiene das mãos) até que a pandemia seja declarada encerrada.
Adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, como taxas de ocupação de leitos e tendência de elevação no número de casos e óbitos.
Implementação imediata de planos e campanhas de comunicação com o objetivo de esclarecer a população e reforçar a importância das medidas de prevenção e da vacinação.
Ainda segundo o estudo, ainda são necessárias ações que envolvem o sistema de saúde e econômicas como:
Reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS.
Ampliação da capacidade assistencial em todos os níveis, incluindo leitos clínicos e de UTI para Covid-19 combinada com proteção, capacitação e valorização dos profissionais de saúde.
Aceleração da vacinação para toda a população coordenada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) do SUS.
Aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio financeiro emergencial enquanto durar o estado de emergência, combinado com as políticas sociais existente de proteção aos mais pobres e vulneráveis.
“Os dados consolidados para o país confirmam a formação de um patamar de intensa transmissão da Covid-19. Se até este momento mais de 255 mil pessoas morreram por Covid-19, em alguns casos sem acesso à assistência e ao direito à saúde previsto na Constituição Federal, nas últimas semanas foram registradas as maiores médias de óbitos por semana epidemiológica e nos dias 13 e 28 de fevereiro pela primeira vez tivemos mais de 1.200 óbitos registrados em um único dia. Na última semana epidemiológica (21 a 27 de fevereiro) foram registrados uma média 54.000 casos e 1.200 óbitos diários por Covid-19”, afirma o boletim.
Segundo o levantamento da Fiocruz, entre as 27 capitais do país, no momento há 20 com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos de 80% ou mais. São elas:
Porto Velho (100%), Rio Branco (93%), Manaus (92%), Boa Vista (82%), Belém (84%), Palmas (85%), São Luís (91%), Teresina (94%), Fortaleza (92%), Natal (94%), João Pessoa (87%), Salvador (83%), Rio de Janeiro (88%), Curitiba (95%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (80%), Campo Grande (93%), Cuiabá (85%), Goiânia (95%) e Brasília (91%).
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