Uma das faces mais cruéis da pandemia do novo coronavírus, bem como de qualquer outra catástrofe, é constatar que existe gente que se aproveita para lucrar com a desgraça alheia. A Polícia Federal está conduzindo 39 investigações em todos os Estados brasileiros, inclusive no Piauí, para apurar desvios de dinheiro público na compra de equipamentos e insumos para o combate à Covid-19. Os prejuízos estimados são próximos de R$ 4 bilhões. O esquema envolve licitações fraudulentas, compras superfaturadas e até a aquisição de produtos que nunca foram entregues.

Em outra frente, o Tribunal de Contas da União apura as fraudes no recebimento indevido do auxílio emergencial – no valor de R$ 600 – que deveria ser pago a pessoas desempregadas e em situação de extrema pobreza. Uma auditoria do TCU revelou que o valor pago a benefícios irregulares chega a R$ 42,1 bilhões. Até servidores públicos e militares já receberam o benefício, enquanto 3,3 milhões de pessoas realmente necessitadas, e que atendem aos requisitos, não foram contempladas.

O governo federal gasta por mês R$ 50 bilhões para o pagamento do auxílio emergencial, um dinheiro que está fazendo a diferença na mesa de milhões de brasileiros que, sem ele, não teriam como comprar alimentos. Mas os levantamentos realizados até agora apontam para uma estimativa de 6,4 milhões de pessoas que estariam recebendo o benefício sem que tivessem direito a ele. É um crime por demais cruel porque está tirando o pouco de quem possui quase nada. E em um momento de grave crise de saúde pública.

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