Pacientes com problemas renais têm tido dificuldades durante o período da pandemia. Eles, que são mais vulneráveis à Covid-19, não podem deixar de fazer hemodiálise e têm tido problemas como dificuldade de acesso ao tratamento e complicações.
De acordo com a Associação dos Pacientes Renais Cônicos do Estado do Piauí (APREPI), até o momento, três pessoas em tratamento e dois transplantados morreram vítimas da Covid-19 no Piauí e 21 casos de infecção pelo coronavírus foram confirmados somente em Teresina.
Nessa terça-feira (16), Maria da Conceição Alencar da Silva, de 67 anos, faleceu no Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella, em Teresina. A paciente com Covid-19 esperou por mais de 24 horas a realização de uma hemodiálise.
Derisvaldo Abreu, de 47 anos, está com suspeita de Covid-19 e precisa de hemodiálise. O estado de saúde dele é considerado delicado. “Além do problema renal, ele é hipertenso, diabético e fez um cirurgia cardíaca recente”, relatou a irmã do paciente, Adna Abreu.
“Ele precisa urgentemente de uma UTI e o que dizem pra gente é que várias pessoas estão precisando também. Todos os casos são graves, mas ele não pode deixar de fazer hemodiálise”, completou Adna.
A família já tentou vaga até em hospitais particulares, mas ainda não encontrou. “Depois que recebemos os resultados dos exames dele começamos a procurar vários hospitais, mas não encontramos vaga”, disse Gabriel Abreu, filho de Derisvaldo.
Alguns pacientes têm feito a hemodiálise no período da noite para evitar a disseminação da doença e a APREPI solicitou à Secretaria de Estado da Saúde um pedido por medidas que garantam a segurança dos pacientes.
“Encaminhamos um ofício solicitando um hospital de referência, um local para hospedar pacientes do interior durante o tratamento e testes para pacientes e funcionários de clínicas de hemodiálise”, explicou Luiz Filho, presidente da APREPI.
Para quem tem a função renal comprometida, o risco de ter complicações ao pegar a Covid-19 é maior. Mas eles não podem suspender o tratamento.
“Eles não podem ficar em casa, eles têm que ir para a clínica fazer o tratamento e não estão conseguindo. Não há, no momento, transporte público em Teresina. Há pacientes indo a pé para a clínica e, após uma sessão desgastante, voltando para casa”, afirmou o nefrologista Mário Nicolau.
A paciente Valdenice relatou a dificuldade dos pacientes. “Depois do tratamento, nós ficamos debilitados, fracos, sem condição nenhuma para ir embora a pé e quem não está podendo pagar transporte está tendo que fazer isso”, contou.
“São vidas que estão necessitando desse apoio agora”, declarou Valdenice.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou que o paciente Derisvaldo Abreu foi atendido nesta quarta-feira (17) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Promorar e entrou na regulação do SUS para transferência.
Segundo a FMS, o paciente foi transferido para um hospital particular no fim da tarde. Sobre o transporte e alojamento de pacientes, a Sesapi afirmou que devem ser solicitados por meio dos programas disponíveis pelas prefeituras dos municípios.
A Associação Piauiense dos Municípios (APPM) comunicou em nota que a responsabilidade do tratamento fora do domicílio é do estado.
G1 PI