O juiz Vidal de Freitas, titular da Vara de Execuções Penais da comarca de Teresina (VEP), emitiu, nesta segunda-feira (25), um ofício para a Secretaria de Justiça do Piauí (Sejus), determinando uma vistoria na Cadeia Pública de Altos após cinco detentos morrerem com suspeita de leptospirose em apenas 11 dias.
Em nota, a Sejus informou que 35 internos da Cadeia Pública de Altos se encontram internados nos hospitais de Teresina, em decorrência de uma infecção ainda não identificada, mas em situação estável, de acordo com o último boletim médico divulgado. A Secretaria disse, ainda, que instalou um enfermaria naquela unidade penal, com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, que realizam, diariamente, atendimentos e avaliação dos detentos.
Segundo o magistrado, mais de 20 presos já foram internados em estado grave de saúde, “possivelmente acometidos de leptospirose”, e por isso ele determinou a produção de um relatório com base na vistoria do presídio, na inspeção de celas, pavilhões, cozinha e fornecimento de água e entrevista de presos.
Outras medidas
- No ofício, o juiz decretou quatro medidas a serem adotadas na unidade:
- Limpeza e higienização de todas as dependências, para a retirada total de eventuais fezes de ratos;
- Limpeza e purificação da água e alimentos fornecidos aos presos;
- Fornecimento de água higienizada por outra forma até que a água esteja comprovadamente liberada para o consumo humano;
- Transferência de todos os presos acometidos do mal, que não necessitem de internação e dos demais presos em risco para outros estabelecimentos prisionais de Teresina e Altos.
Protesto de familiares
Familiares de presos fizeram um protesto na manhã desta segunda-feira (25) diante do prédio do Tribunal de Justiça do Piauí, em Teresina. Cerca de cinquenta pessoas se reuniram, exibindo cartazes, pedindo pela interdição da Cadeia Pública de Altos e também buscando respostas sobre as mortes.
O juiz Vidal de Freitas atendeu, por videoconferência, alguns familiares de presos da unidade, ouviu suas reclamações e informou as medidas adotadas.
Água contaminada
No início do mês de maio, uma infecção ainda não identificada foi detectada em 48 detentos, de acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) foi acionada e coletou amostras para exames, inclusive para a Covid-19, embora, segundo a Sejus, nenhum dos presos tenha apresentado sintomas da doença. Todos os presos testaram negativo.
O exame preliminar da Sesapi teria detectado a presença de coliformes fecais na água que abastecia a unidade prisional e o quadro clínico de alguns dos detentos foi apontado como leptospirose, infecção causada por bactéria transmitida por animais como o rato por meio do contato com água, solo ou alimentos contaminados.
Depois de relatada a suspeita de contaminação pela água, a Sejus afirmou que realizou a limpeza da caixa d’água e tubulação da unidade, e que irá implementar o tratamento da água da penitenciária. Até que a situação seja resolvida, a Sejus informou que os internos estão consumindo água mineral.
G1 PI