O governador Wellington Dias (PT) classificou como irresponsável a proposta de anti-isolamento durante a pandemia de Covid-19 e afirmou, em entrevista ao Notícia da Manhã nesta quarta-feira (8), que a demanda por leitos de terapia intensiva (UTI) no Piauí cresce 300% a cada 15 dias.

O governo também apontou um pico da doença no estado nas primeiras semanas de maio com necessidade de 300 leitos para Covid-19.

“Por que que a gente tem que ter esse cuidado de ficar em casa, de não espalhar coronavírus. Nós começamos com uma demanda de um leito por coronavírus alí por volta de 18 de março, passamos para três, passou para nove, passou para 27. Nós já estamos com 49. Vai chegar a 100 a demanda de leitos. A multiplicação ela é de 300% mais ou menos a cada 15 dias”, disse.

Antes apenas 16 cidades piauienses possuem leitos de alta complexidade. Hoje, segundo o governador são 23 cidades com leito de UTI e salas de estabilização com respiradores para pacientes em situação semi-intensiva.

A previsão é de que esse número aumente para 34 municípios com sala de estabilização para o atendimento dos casos da doença no interior. Até o dia 30 de abril, cerca de 40 respiradores devem chegar ao estado. Ele criticou o bloqueio, por parte do Ministério da Saúde, de respiradores para o estado e anunciou que o Piauí entrará com ação contra a União.

Ainda de acordo com Wellington, o desafio do Piauí não é apenas de equipamentos. “O maior problema é profissional. Ou seja, você precisa de intensivista, precisa de pessoas de várias áreas de fisioterapia cardiológica, de várias áreas para você ter leito de UTI”.

Wellington Dias revelou ainda que há profissionais da saúde piauienses infectados pelo novo coronavírus. Os casos foram confirmados nas últimas testagens. Ele pediu que a população permaneça em casa e explicou que não está sendo “alarmista” enquanto aos dados divulgados.

Piauí teria até 4 mil casos

O governador Wellington Dias também apontou que a subnotificação “é hoje o mais grave problema” do Piauí e do Brasil. “É provável que a gente tenha aí entre 2,5 mil a 4 mil casos de coronavírus. Uma parte é assintomática, outra parte com sintomas leves, esses são os que não entram na rede normalmente, por isso que a gente está desenvolvendo e entra em atividade um aplicativo para que as pessoas possam dizer de casa mesmo que estão com tosse, com dor na garganta, estou com algum sintoma e a partir dali se faz uma nota classificação”.

5 mil testes

Wellington também defendeu o aumento no número de testes. “Nós precisamos de 500 mil exames para dar conta de 100% da rede de saúde”, afirmou. Esse número atenderia a todos os pacientes do grupo de risco e profissionais da linha de frente de combate à doença.

“Brasil falhou na vacinação”

“A vacinação não foi eficiente, o Brasil falhou na vacinação. Ainda hoje temos 60% só da meta da rede de saúde com a meta de mais de 60 anos que era para ter sido vacinada”, afirmou Dias alertando que a vacina, apesar de não imunizar contra o coronavírus, evita a contaminação por gripes graves como H1N1 e influenza.

Valmir Macêdo
valmirmacedo@cidadeverde.com