Alunos da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) desocuparam o campus Clóvis Moura, localizado no bairro Dirceu Arcoverde, Zona Sudeste de Teresina, na tarde desta segunda-feira (30), após reunião da reitoria com o Governo do Estado pela manhã. A ocupação teve início após os estudantes denunciarem uma situação insalubre da instituição, devido à paralisação dos servidores da limpeza que estavam três meses sem receber salário.
A administração da instituição comunicou que durante o encontro com o governador Wellington Dias (PT), para tratar de demandas emergenciais da instituição, foram discutidos o pagamento dos terceirizados, a atualização das bolsas dos estudantes e déficit de professores.
A estudante Antônia Ferreira, integrante do movimento estudantil, disse ao G1 que a decisão de desocupar o campus ocorreu após uma reunião com membros da Assembleia Legislativa do Estado do Piauí (Alepi).
“Eles ficaram encarregados de também lutarem com a gente. Eles farão uma visita para verificar a situação aqui do campus, que é muito carente de infraestrutura e demais carências que temos, como os programas e bolsas cortadas”, afirmou a aluna.
O reitor da Uespi, Nouga Cardoso, informou que o serviço terceirizado voltará a normalidade. “Temos um posicionamento da Secretaria de Fazenda de que já vão agilizar pagamentos para que as empresas possam atualizar os salários dos prestadores de serviço”, disse, acrescento que o governo vai fazer o repasse para monitorias.
Antônia Ferreira disse que a preocupação dos alunos agora é com a segurança. “Os seguranças estão com os salários atrasados há seis meses. A empresa já ameaçou retirar o serviço, porque até então eles estão recebendo salários com os pagamentos de outras empresas”, revelou.
A estudante lembrou o episódio em que uma aluna varreu a sala de aula por falta devido à paralisação dos funcionários da limpeza. “Será que agora além da limpeza, também teremos que fazer a segurança da Uespi? Que vamos ter que fazer um cordão humano para garantir a segurança, enquanto os demais assistem aula? A universidade não pode ficar sem segurança”, desabafou.
Protesto estudantes de medicina
Estudantes do curso de medicina realizaram um protesto no Centro de Teresina na manhã desta segunda-feira (30) por conta do corte nas bolsas dos preceptores, que são os professores que acompanham os alunos nos dois últimos anos de curso.
“A situação mais crítica que a gente vive hoje é a do nosso internato. O governo cancelou o pagamento das bolsas dos nossos preceptores de internato, inviabilizando a continuidade do curso”, disse um estudante de medicina da Uespi.
Segundo o estudante, a Controladoria Geral do Estado do Piauí (CGE) avaliou que esses preceptores necessitariam de uma avaliação para sua estadia e o governo não apresentou nenhuma medida possível para a regularização dessa situação.
“Os dois últimos anos de estágio obrigatório no curso de medicina, que prepara a gente para a prática médica. Esse profissional é que nos auxilia, avalia e acompanha dentro do internato”, disse o estudante.
De acordo com o aluno, a ausência desse profissional compromete a permanência do curso. O estado tem cerca de 300 estudantes de medicina almejando a formatura. Segundo ele, com esse problema o estado pode ficar sem os futuros profissionais, prejudicando o atendimento a população.
Sobre a atuação dos preceptores de medicina em hospitais públicos, o reitor da Uespi comunicou que vai se reunir com professores do Centro de Ciências da Saúde (CCS), com o secretário de saúde do estado e representantes estudantis para discutir como será feito o uso desses hospitais pelos estudantes e como será efetivado o pagamento desses profissionais que fazem o acompanhamento de alunos.
Fonte: G1